Delegado da PF diz que pessoas morreram em Brumadinho porque foram enganadas
De acordo com o investigador, a Vale mentiu para trabalhadores em simulações realizadas antes do rompimento da barragem, em 2019
Dias antes da tragédia de Brumadinho completar 5 anos, o delegado da Polícia Federal (PF) Cristiano Campidelli afirmou que a Vale “cometeu homicídios e tornou impossível a defesa das vítimas” ao mentir para os trabalhadores em simulações realizadas antes do rompimento da barragem ocorrida na mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG).
"Em uma simulação, ela conseguiu reunir 99% do seu corpo interno e 83% do corpo externo. Essas pessoas foram orientadas. Foi dito que se a sirene tocasse, elas poderiam caminhar calmamente até o ponto de encontro, por 8, 10, 15 minutos. Mas a Vale sabia que a sirene não funcionava e sabia que essas pessoas teriam menos de um minuto para se autossalvar. Então essas pessoas morreram porque elas foram enganadas. A Vale cometeu homicídios e tornou impossível a defesa das vítimas", afirmou.
Campidelli foi convidado por familiares das vítimas para compartilhar informações sobre a investigação, na última segunda-feira (22). O evento faz parte da agenda organizada para lembrar mais um aniversário do rompimento da barragem. A apuração sobre a tragédia, que ocorreu no dia 25 de janeiro de 201, continua em sigilo. Duzentas e setenta pessoas morreram.
As investigações da PF foram encerradas em novembro de 2021. Ao todo, 19 pessoas foram indiciadas. Os nomes permanecem em segredo. O texto foi entregue ao Ministério Público Federal (MPF), a quem cabe analisar e decidir se leva à Justiça.