COP29: Texto do Brasil sobre clima tem como base relatórios da ONU, mas é criticado por organizações
Cruzamento de documentos mostra alinhamento brasileiro na questão climática; ausência de prazos, entretanto, é mal avaliada
O texto oficial sobre a nova meta de combate às mudanças climáticas do Brasil, divulgado no dia 13 de novembro na COP29, tem como base quatro relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) e emula temas como pobreza, devastação, redução de emissões de gases de efeito estufa, segurança alimentar, turismo sustentável e emprego e trabalho decente.
A partir da ferramenta de inteligência artificial Pinpoint, do Google, que faz um rastreamento de pontos em comum entre documentos, o SBT News selecionou o próprio Acordo de Paris, de 2015, e os relatórios especiais do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) relacionados a aquecimento global, terra e oceanos.
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O resultado é que o governo brasileiro parte de princípios condizentes com o debate global sobre mudanças climáticas, mas avança pouco sobre efetividade e prazos para conclusão de tarefas. O Observatório do Clima, rede de ONGs e institutos de pesquisas, avalia um desalinhamento do texto brasileiro com o Acordo de Paris, mas aponta que o documento está fora de sintonia com compromissos assumidos pelo governo Lula ainda na campanha.
Em entrevista ao SBT News, o coordenador de Comunicação do Observatório, Claudio Angelo, afirmou que a imprecisão do documento brasileiro com as metas propostas, que chegam a ser incompatíveis, é o principal ponto a ser criticado no texto.
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“O Brasil tem duas metas divergentes. O governo vende isso como uma sendo a variação da outra, mas não é isso, são dois compromissos totalmente distintos. Um deles é chegar a 2035 emitindo 1,05 bilhão de toneladas de gás carbônico e o outro é chegar a 2035 emitindo 850 milhões de toneladas. Entre um e outro você tem o equivalente a uma Bélgica inteira de emissões”, pontuou ele, que esteve em Baku, capital do Azerbaijão, para acompanhar a COP29.
Para Claudio Angelo, porém, o texto não é criticável por completo, já que traz inovações importantes, inclusive em setores do governo brasileiro que nunca tinham sido envolvidos nas questões climáticas.
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“O Brasil foi o terceiro país a apresentar o documento na COP29. Esse texto avança no sentido das políticas públicas e pela primeira vez traz compromissos, por exemplo, da área financeira do governo. A gente nunca tinha tido um Ministério da Fazenda envolvido na descarbonização e a gente está vendo isso agora. Evidentemente também temos as ações de combate ao desmatamento, que vêm funcionando na gestão atual. O Brasil vai especialmente bem quando diz que o país estaria disposto a discutir uma transição para longe dos combustíveis fósseis, contanto que as nações ricas façam isso primeiro”, explicou o especialista.