China suspende compra de frango do Brasil após caso de gripe aviária, diz ministro
Decisão foi tomada após governo detectar foco de vírus da influenza aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul

Gabriela Tunes
Felipe Moraes
A China decidiu suspender a compra de frango do Brasil a partir desta sexta-feira (16) após governo federal anunciar detecção do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no país. A informação é do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.
"A restrição comercial fica à região do foco acontecido. Alguns países não mudaram o protocolo, é o caso. A China não mudou ainda. Então, a partir de hoje, por 60 dias a China não estará comprando carne de frango brasileiro. Outros países que já mudaram o protocolo [...] Fica restrito. O estado do Rio Grande do Sul, momentaneamente. E, depois, somente o município de Montenegro, que é onde tem o foco, até que volte a normalidade", explicou Fávaro.
Segundo o ministro, esse processo "deve durar entre 28 e 60 dias". "E aí, com eficiência, com transparência, o Brasil deve voltar à normalidade em todo o país", completou.
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Mais cedo, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou detecção da doença em uma granja comercial no município gaúcho de Montenegro. O vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) circula desde 2006, sobretudo na Ásia, África e norte da Europa.
O ministro explicou que a produção da granja infectada já foi rastreada. "Para onde ela distribui o material genético, os ovos para a recriação. E está tudo dentro do radar, fazendo as contenções para que isso não crie novos focos em outras regiões brasileiras", disse.
Fávaro também afirmou que "Brasil foi o último país dos grandes produtores de carne de frango do mundo a ter a contaminação em granjas comerciais". "O nosso sistema é muito robusto, é muito eficiente. Veja que exatamente há dois anos, em maio de 2023, nós tivemos o primeiro caso no Brasil em aves silvestres. E, ainda assim, conseguimos segurar dois anos sem entrar em granjas comerciais. Em nenhum lugar do mundo também aconteceu isso", completou.
Baixo risco de infecções em humanos
Em comunicado, o Mapa informou que risco de infecções em humanos é baixo. "Em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas)", explica.
O ministério também afirmou que a doença não pode ser transmitida por carne de aves nem de ovos. Assim, não há restrição de consumo desses alimentos. "A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados", garante.
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De acordo com o Mapa, já foram iniciadas "medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência". O objetivo é "não somente debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e, assim, a segurança alimentar da população".
O ministério reforçou que, desde 2006, tem realizado ações para prevenir entrada do vírus no sistema de avicultura comercial brasileiro.
Segundo o Mapa, essas medidas "foram cruciais e se mostraram efetivas e eficientes para postergar a entrada da enfermidade na avicultura comercial brasileira ao longo desses quase 20 anos".