Publicidade
Brasil

Cenipa diz que "uso de celular" na torre contribuiu para batida de avião no Galeão

Em fevereiro, um Boeing com mais de 100 passageiros colidiu com uma picape de manutenção que estava parada na pista

Imagem da noticia Cenipa diz que "uso de celular" na torre contribuiu para batida de avião no Galeão
Danos às carenagens da fuselagem inferior da aeronave. | Reprodução/Cenipa
• Atualizado em
Publicidade

O relatório final do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), divulgado nesta quarta-feira (6), aponta uma série de falhas operacionais e humanas que contribuíram para o incidente ocorrido no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, na noite do dia 11 de fevereiro de 2025.

Na ocasião, um avião da Gol com 109 pessoas a bordo colidiu com uma picape de manutenção que estava parada na pista durante a decolagem. Por pouco, uma tragédia foi evitada.

O órgão classificou o episódio como "incidente grave". A aeronave, um Boeing 737-8 MAX, conseguiu desviar parcialmente do veículo, que foi atingido na lateral e destruído. As duas pessoas no carro sofreram ferimentos leves. No avião, ninguém se feriu, mas o impacto causou danos em múltiplos sistemas da aeronave.

O relatório mostra que os pilotos só conseguiram ver o veículo quando estavam a cerca de 185 metros de distância. Em uma manobra de emergência, eles desviaram para a direita, impedindo um impacto frontal.

Veículo após a colisão. | Reprodução/Cenipa
Veículo após a colisão. | Reprodução/Cenipa

Após o impacto, o comandante abortou a decolagem, parando o avião cerca de 1,1 km adiante. A evacuação foi feita com segurança e o plano de emergência do aeroporto foi acionado.

+ Avião realiza pouso de emergência no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP)

Erros apontados

A investigação identificou falhas graves de comunicação entre os controladores de voo e os operadores do veículo de manutenção. O carro, autorizado a entrar na pista minutos antes, não foi liberado formalmente para sair.

Mesmo assim, o controlador retirou o bloqueio do sistema que indicava a presença de obstáculos na pista e autorizou a decolagem do voo G3-1674 com destino a Fortaleza. Isso sem confirmar visualmente se a pista estava livre.

O Cenipa classificou a conduta da torre como marcada por um "clima de informalidade excessiva", com uso de celulares e conversas alheias à operação. O relatório revelou que o supervisor da torre de controle estava usando o celular no momento, o que teria comprometido sua atenção, mesmo já fora do turno, mas ainda atuando funcionalmente.

Outro fator apontado foi a má visibilidade da pista por causa da vegetação nas imediações da torre de controle, o que dificultou a checagem da pista. Somado a isso, a posição das estações de trabalho dos controladores estava fora dos padrões ergonômicos ideais, dificultando a vigilância visual contínua.

+ Avião tem frente destruída após colidir com pássaro e faz pouso de emergência na Espanha

Medidas recomendadas

O documento informa que os funcionários tiveram afastamento imediato da escala operacional e atendimento psicológico realizado logo após o acidente.

Além disso, o Cenipa recomendou uma série de medidas para os órgãos responsáveis, incluindo a revisão do sistema de coordenação de tráfego de solo, reforço no treinamento dos controladores, melhorias ergonômicas na torre de controle e poda da vegetação que bloqueia a visibilidade da pista.

O relatório também foi encaminhado à Anac e ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), que devem avaliar e implementar as medidas necessárias para evitar novos incidentes. Como prevê a legislação, o relatório não aponta culpados, mas busca prevenir novos acidentes.

“É uma situação extremamente grave com um potencial de muitas fatalidades, mas que poderia ter sido evitado se tivessem sido seguidos os procedimentos de segurança normais da aviação”, pontuou Gerardo Portela, especialista em gerenciamento de risco, ao SBT News. "Se essas falhas não forem corrigidas, vão acabar resultando, infelizmente, em fatalidades."

+ Fornecimento de combustível foi cortado durante decolagem de avião que caiu na Índia

O que diz o aeroporto?

Em nota, o RIOgaleão afirmou que todas as recomendações operacionais sob responsabilidade da concessionária já estavam integralmente implementadas, em conformidade com a legislação e as melhores práticas internacionais do setor aeroportuário.

Também disse que, antes mesmo do relatório final, promoveu, de forma proativa, o aprimoramento de processos internos.

"O RIOgaleão reafirma também com a excelência no atendimento aos passageiros, mantendo sempre uma atuação colaborativa com as autoridades competentes", diz o comunicado.

Publicidade

Assuntos relacionados

Avião
Rio de Janeiro
Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade