Carne de tubarão domina mercado brasileiro sem que consumidores saibam
Preço acessível e ausência de fiscalização impulsionam demanda e exportação ilegal; Especialistas defendem a preservação do animal para equilíbrio no oceano

SBT Brasil
O Brasil lidera o consumo e a importação de carne de tubarão no mundo. Vendido como "cação", o consumidor, na maioria das vezes, não tem conhecimento sobre o tipo de carne e nem a origem do que está consumindo, um reflexo da falta de transparência.
No mercado municipal de São Paulo, por exemplo, o quilo do "cação" custa cerca de R$ 42, um preço mais baixo do que muitos cortes bovinos, o que impulsiona a demanda. Algumas indústrias chegam a vender entre 50 e 60 toneladas desse peixe por mês.
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Segundo o IBAMA, como a legislação brasileira não exige rotulagem específica, a identificação das espécies vendidas é o maior desafio. O problema é grave: 83% dos tubarões e raias comercializados no país estão ameaçados de extinção, incluindo o tubarão-martelo.
Além do alto consumo interno, o país é um ponto estratégico para o tráfico internacional de barbatanas de tubarão, um ingrediente valorizado na culinária asiática como símbolo de status. Segundo comerciantes do setor, barcos chineses e espanhóis operam na costa brasileira, capturam os animais e os deixam congelados no país, pois o que realmente tem valor no mercado externo são as nadadeiras.
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Nesta semana, a Polícia Federal e o IBAMA apreenderam uma tonelada de barbatanas no Espírito Santo, sendo que 363 quilos eram de espécies ameaçadas de extinção. Três suspeitos foram presos, incluindo um cidadão chinês. A investigação aponta que a quadrilha atuava na secagem, embalagem e envio clandestino do material para países asiáticos.
Diante do cenário, ONGs, especialistas e ambientalistas defendem, além de medidas mais eficazes na fiscalização e regulamentação do setor, medidas urgentes para a conservação dos tubarões, cuja pesca descontrolada ameaça o equilíbrio dos oceanos.