Brasileiro escravizado em Mianmar lembra torturas: "Fazíamos agachamentos em plataforma com pregos"
Phelipe de Moura Ferreira e Luckas Viana dos Santos retornam nesta terça (18) ao Brasil após meses reféns de máfia de golpes cibernéticos

Primeiro Impacto
Os brasileiros Phelipe de Moura Ferreira e Luckas Viana dos Santos, vítimas de tráfico humano na fronteira de Mianmar e Tailândia, retornam nesta terça-feira (18) ao Brasil. Em entrevista ao programa Primeiro Impacto, do SBT, Phelipe relembrou os dois meses que passou sob a mira de uma máfia de golpes cibernéticos do país, localizado no Sudeste Asiático, e as agressões a que foi submetido.
"Assim que percebi que tinha sido traficado, a primeira coisa que veio na minha cabeça é que eu tinha que fazer de tudo para eles não fazerem maldade comigo. Tudo que eles pediam, eu fazia. Eu não tive nenhuma reação a não ser obedecer", conta o brasileiro.
"A gente tinha bastante agressão física, não só espancamento", completa. Segundo Phelipe, as agressões, que serviam como punições caso não atingissem as metas de golpe do dia, também envolviam eletrochoques e agachamentos em uma plataforma com pregos.
"Quando a gente recebia punição, tinha que fazer agachamento em plataforma com pregos em cima. A gente tinha que fazer agachamento com galão de água", lembra. "Eu presenciei dois amigos meus do Sri Lanka apanhando com cabo de carregador".
O brasileiro de 26 anos também conta como tirou forças para aguentar a rotina de escravidão na fábrica de golpes. Ele conta que, inclusive, chegou a ter pensamentos suicidas.
"Todo momento eu orava para Deus me ajudar, me desse força e me libertasse daquele lugar. Eu pensei várias vezes que iria morrer. Pensei em tirar a minha vida. Não tirei minha vida porque eu precisava ser forte, que eu ia sair de lá, morto ou vivo."