Avanço do mar ameaça reduzir faixa de areia nas praias do Rio até o fim do século
Estudo da UFF aponta que, se nada for feito, mar pode invadir calçadões e ruas da capital fluminense até 2100
Liane Borges
O cenário típico de verão nas praias do Rio de Janeiro, com sol e faixa de areia extensa, pode sofrer grandes mudanças nas próximas décadas devido ao aquecimento global.
Um estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF), com apoio de especialistas da COPPE/UFRJ, analisou dados entre 1995 e 2005 e fez projeções para o período de 2090 a 2100. A pesquisa indica que, se o ritmo atual de mudanças climáticas se mantiver, o mar pode invadir permanentemente calçadões e ruas da Zona Sul e de bairros da Região Metropolitana.
“É um processo que pode ser minimizado, mas não muito. Hoje é uma realidade que a gente tem”, afirmou Luiz Paulo Assad, professor da COPPE/UFRJ.
Segundo o estudo, áreas como a Lagoa de Piratininga, em Niterói, e a Lagoa Rodrigo de Freitas, na cidade do Rio, apresentam risco de alagamento permanente. Praias como Copacabana, Ipanema e Leblon também podem perder uma parte significativa da faixa de areia.
Os pesquisadores alertam ainda para a falta de espaço urbano no litoral, já densamente ocupado por construções, o que dificulta adaptações naturais e aumenta o risco de redução das praias.
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Em Copacabana, um dos principais cartões-postais da cidade, a mudança já é perceptível. “De acordo com o estudo, só nos últimos dez anos, a faixa de areia aqui já foi encolhida em torno de 10%”, explicou a repórter Liane Borges.
Diante dessa realidade, especialistas apontam a necessidade de soluções de engenharia, como o engordamento de praias e a construção de recifes artificiais moles, para minimizar os impactos da elevação do nível do mar.
Além disso, a preservação de manguezais ganha importância estratégica. No mês em que se celebra o Dia Mundial de Proteção aos Manguezais, essas áreas são lembradas como barreiras naturais fundamentais. Elas ajudam a conter a subida do mar e combatem a erosão do solo com suas raízes.
“Cada muda que a gente planta é uma parte do mundo que a gente está salvando”, disse um participante de uma ação de reflorestamento. Outro acrescentou: “Dá esperança; o homem, quando quer, ele reconstrói.”