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Polícia

Venda ilegal de chumbinho na Ceagesp expõe riscos à saúde e revela mercado clandestino em SP

Dados obtidos pelo SBT mostram que mais de 3.600 boletins de ocorrência envolvendo chumbinho foram registrados em São Paulo, nos últimos 20 anos

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Um flagrante registrado com câmera escondida revelou o comércio ilegal de chumbinho dentro da Ceagesp, na zona oeste de São Paulo, onde circulam cerca de 50 mil pessoas todos os dias. O produto, vendido em pequenos frascos de vidro, é oferecido por ambulantes que atuam livremente no local. Apesar de proibido no Brasil desde 2012, o veneno continua a ser comercializado sem qualquer controle sanitário.

+ Envenenamento com "chumbinho": relembre casos trágicos pelo país

Em uma das imagens obtidas pela equipe de reportagem do SBT, um vendedor, em cima de uma bicicleta, oferece dois frascos do veneno por R$ 30. Questionado sobre a eficácia, garante: "Se não matar, traz de volta e eu devolvo seu dinheiro." Quando o produtor pergunta se poderia levar dez unidades, o vendedor promete falar com "o cara lá" — referência ao fornecedor.

Nosso produtor chegou a comprar três frascos por R$ 15 cada. O produto foi descartado logo depois. O chamado "chumbinho" é um raticida clandestino que não possui qualquer registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Seu uso, produção e venda são proibidos há mais de uma década, mas ele continua circulando em feiras e mercados do país.

Casos trágicos de envenenamento

Dados obtidos pela produção do SBT via Lei de Acesso à Informação mostram que mais de 3.600 boletins de ocorrência envolvendo chumbinho foram registrados apenas no estado de São Paulo nos últimos 20 anos. Em muitos casos, o veneno foi usado como arma para crimes premeditados.

Em março deste ano, por exemplo, Larissa Rodrigues foi morta em Ribeirão Preto, no interior paulista, após ser envenenada com o produto. Segundo a investigação, o autor do crime foi o próprio marido, o médico Antonio Garnica, com a ajuda da mãe dele, Elizabete Arrabaça. Larissa havia descoberto uma traição e pediu a separação. Marido e mãe estão presos.

Outro caso que chocou o país aconteceu no Piauí. No primeiro dia do ano, quatro pessoas da mesma família morreram em Parnaíba depois de ingerirem alimentos contaminados com o composto químico presente no chumbinho. Entre as vítimas, duas crianças — uma delas tinha apenas 1 ano e 8 meses.

Veneno letal

O biomédico e doutor em toxicologia da USP Henrique Bombana explica que os sintomas podem surgir em até cinco minutos após o consumo. "Basta uma pequena quantidade para provocar efeitos tóxicos graves. Entre os sintomas estão excesso de salivação, vômitos, diarreia e contrações involuntárias dos músculos. A evolução pode levar à morte rapidamente”, afirmou.

Fiscalização e risco público

Mesmo proibido, o chumbinho continua sendo vendido em feiras livres, mercados e locais de grande circulação, como mostrou o flagrante na Ceagesp. O risco à saúde pública é alto, já que o produto pode ser facilmente misturado em alimentos para crimes de envenenamento.

A reportagem procurou a Ceagesp, que informou que colabora com as autoridades e disse que intensificou a fiscalização dentro do entreposto. A reportagem do SBT também acionou a Anvisa, que reiterou a proibição do veneno e ressaltou a importância da denúncia às autoridades em casos de comércio clandestino.

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