Brasil

Ararinhas-azuis que voltaram para natureza em 2022 testam positivo para vírus letal

Criadouro envolvido em projeto de conservação da espécie, ameaçada de extinção, foi multado em R$ 1,8 milhão pelo ICMBio

Imagem da noticia Ararinhas-azuis que voltaram para natureza em 2022 testam positivo para vírus letal
De acordo com autoridades brasileiras, ararinhas-azuis não tinham autorização para ir para zoológico na Índia | REUTERS/Carla Carniel
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As 11 ararinhas-azuis reintroduzidas na Caatinga baiana e recapturadas no início de novembro testaram positivo para circovírus, divulgou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) nesta quarta-feira (26). O vírus é altamente letal para psitacídeos (grupo de aves que inclui araras, papagaios e periquitos) e causa a chamada "doença do bico e das penas".

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O instituto também informou que multou em R$ 1,8 milhão o criadouro responsável pelo manejo das aves, em Curaçá (BA), por falhas em protocolos de biossegurança (entenda mais abaixo).

O circovírus, originário da Austrália, provoca perda de penas, deformidades no bico e é fatal na maior parte dos caos. Embora não infecte humanos, representa risco elevado para araras, papagaios e periquitos. As ararinhas haviam sido repatriadas da Europa, adaptadas em cativeiro e depois soltas em 2022 como parte do programa de reintrodução da espécie – considerada extinta na natureza entre 2000 e 2020.

Ararinhas-azuis foram soltas depois de 20 anos da extinção | Divulgação/ACTP
Ararinhas-azuis foram soltas depois de 20 anos da extinção | Divulgação/ACTP

Segundo o ICMBio, técnicos seguem investigando como o vírus chegou às aves soltas na Caatinga. O próximo passo será isolar animais infectados dos não infectados e reforçar medidas de biossegurança nos viveiros e estruturas usadas no manejo da espécie.

As recapturas começaram depois que uma ararinha apresentou sintomas e testou positivo, em maio deste ano, desencadeando uma operação emergencial para evitar a disseminação do vírus entre outras aves.

Criadouro multado por falhas sanitárias

O Criadouro para fins Científicos do Programa de Reintrodução da Ararinha-Azul, conhecido anteriormente como BlueSky, foi alvo de vistorias do ICMBio, do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) e da Polícia Federal. 103 ararinhas são mantidas no local, parceiro da organização alemã Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP, na sigla em inglês), que detém 75% das ararinhas registradas em todo o mundo.

Em nota, o instituto apontou que os comedouros onde era fornecida alimentação diária às aves de vida livre "se encontravam extremamente sujos, com acúmulo de fezes ressecadas". Funcionários também foram flagrados sem equipamentos de proteção e usando chinelos, bermuda e camiseta durante o manejo dos animais.

Diante das irregularidades, o órgão aplicou multa de R$ 1,8 milhão ao criadouro e ao seu diretor. O Inema também autuou a estrutura em cerca de R$ 300 mil.

Ararinhas reintroduzidas em 2022

Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) | Divulgação/Governo Federal
Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) | Divulgação/Governo Federal

As aves que agora testaram positivo fazem parte do grupo reintroduzido em 2022, a primeira soltura de ararinhas-azuis em 20 anos, após a espécie ser declarada extinta na natureza em 2000 devido ao tráfico e à destruição da Caatinga.

O processo envolveu repatriação de aves da Alemanha e do Catar, criação de áreas de proteção e instalação de viveiros de adaptação em Curaçá. As solturas começaram em junho de 2022, com monitoramento por anilhas e transmissores.

O criadouro multado é vinculado à ACTP, organização que detém cerca de 75% das ararinhas existentes no mundo. Em 2024, o ICMBio rompeu o acordo de cooperação com a entidade após a transferência de 26 ararinhas para a Índia sem autorização do governo brasileiro.

Mesmo com o rompimento, a organização alemã continua realizando ações de conservação das aves, desde que siga os planos oficiais de manejo e conservação das espécies.

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