"Apresenta a ata", diz Lula sobre vitória de Maduro na Venezuela
Em entrevista a rede de TV, o presidente brasileiro disse, porém, estar "convencido" de que processo eleitoral no país vizinho é "normal, tranquilo"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou, nesta terça-feira (30), a polêmica vitória do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nas eleições deste domingo (28). Lula declarou que só reconhecerá o resultado oficial do pleito venezuelano após a apresentação das atas, que podem confirmar a veracidade da contagem dos votos.
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“É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Estou convencido que é um processo normal, tranquilo", disse o presidente.
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Lula se reuniu, na tarde desta terça-feira (30), com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para conversar sobre a situação da Venezuela. No encontro, o chanceler atualizou o presidente sobre os atos populares contra a vitória de Maduro e a contestação dos votos feita pela oposição e por países como Panamá, Argentina, Chile e Uruguai.
Durante a reunião com o chefe do Itamaraty, Lula também recebeu um telefonema do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. A posição dos EUA sobre a reeleição de Maduro foi comunicada pelo chefe da diplomacia americana, Antony Blinken. Ele afirmou que o país tem “sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano”.
Em nota, a Casa Branca informou que Biden agradeceu a Lula por sua liderança na Venezuela. "Os dois líderes concordaram na necessidade de divulgação imediata de dados eleitorais completos, transparentes e detalhados ao nível das assembleias de voto pelas autoridades eleitorais venezuelanas", diz o comunicado. "Os dois líderes partilharam a perspectiva de que o resultado das eleições venezuelanas representa um momento crítico para a democracia no hemisfério e comprometeram-se a permanecer em estreita coordenação sobre a questão."
Enquanto o governo federal cobra a apuração das urnas, o PT, partido de Lula, reconheceu a vitória de Maduro. A Executiva Nacional do partido chamou processo de "jornada pacífica, democrática e soberana" e pediu que presidente reeleito "continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais".
Atas das eleições
"Na hora que tiver apresentado as atas, e for consagrado que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela", afirmou Lula. "O que precisa é que as pessoas que não concordam tenham o direito de se expressar, de provar que não concordam e o governo tem o direito de provar que está certo", prosseguiu o presidente, em entrevista no Palácio da Alvorada à TV Centro América, afiliada da Rede Globo no Mato Grosso.
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De acordo com o resultado oficial do Comitê Nacional Eleitoral (CNE), na Venezuela, Nicolás Maduro venceu nas urnas com 51,2% dos votos. O principal oposicionista, Edmundo Gozáles, contesta. Diz que ele foi o vencedor, com 73% dos votos. Diversos estrangeiros apontam suspeitas de fraude e evitam reconhecer o resultado oficial do CNE.
Desde segunda-feira (29), manifestantes contra e a favor de Maduro estão em conflito nas ruas de diferentes municípios da Venezuela, sobretudo a capital, Caracas.