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Brasil

Extremos do clima: Sul sofre com a cheia e Norte se prepara para seca

Amazonas tem vivido os efeitos das mudanças climáticas em um período de tempo cada vez mais curto, com secas severas registradas em 2023, 2010 e 2005

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Estiagem no Amazonas | Reprodução
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Enquanto o Rio Grande do Sul enfrenta a maior tragédia climática de sua história, a preocupação na outra ponta do país é com a falta de chuva. No Amazonas, as autoridades já trabalham para prevenir os impactos de um novo período de seca severa.

José Ribamar, pescador, lembra bem dos impactos causados pela estiagem no ano passado, no Lago do Puraquequara, um afluente do Rio Negro, em Manaus.

"Foi um período que secou muito o rio e nós sofremos muito. Sofremos até para vender o peixe que não tinha gente para comprar, porque o peixe já chegava quase estragado na feira do Puraquequara. Nós andávamos de três a quatro horas para chegar aqui na feira", conta Zequinha, como é conhecido.

Além do Amazonas, os rios Solimões, Madeira e Negro também atingiram marcas negativas recordes em 2023. A lembrança daqueles dias difíceis, que pareciam ter ficado para trás, volta a assustar Diana Vasconcelos. Às margens do lago, seu restaurante é a principal fonte de renda da família. "A gente foi bastante afetado, porque a gente sobrevive daqui, das vendas e se os clientes não vierem não tem como se auto sustentar," diz a empresária.

Medições diárias mostram que o nível do rio Negro está dois metros abaixo do esperado para essa época. Em anos anteriores, toda essa área de várzea, no município de Iranduba, região metropolitana de Manaus, já estaria alagada. O coronel Máximo, secretário executivo da Defesa Civil do Amazonas, destaca que desde janeiro têm sido realizadas reuniões preparatórias.

"Estamos trabalhando fortemente dentro da preparação em ações preventivas, mas também pensando nas ações de respostas que certamente precisarão em função dos prognósticos", explica.

Essa mobilização acendeu o sinal de alerta no Centro das Indústrias do Amazonas (CIEAM). As empresas temem enfrentar novas dificuldades no escoamento de produtos para outros estados. Lúcio Flávio, presidente executivo do CIEAM, afirma que "já existe um plano de trabalho para possivelmente iniciar a dragagem dos dois pontos críticos antecipadamente para não ser pego de surpresas como foi no ano passado, quando a dragagem não trouxe o resultado esperado e sim a chuva."

O Amazonas tem vivido os efeitos das mudanças climáticas em um período de tempo cada vez mais curto. Antes de 2023, as maiores secas haviam sido registradas em 2010 e 2005. Lucas Ferrante, pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), explica que o desmatamento é uma das explicações da seca prolongada na região.

"Nós tivemos índices alarmantes de desmatamento na Amazônia. A Amazônia tem um papel fundamental na regulação do clima, inclusive para diminuir as chuvas no sul do país ou abastecer as regiões Sul e Sudeste. Então é fundamental que reconstituamos nossas políticas ambientais, que foram sucateadas. Esses aumentos nos índices de desmatamento, principalmente na Amazônia e no Cerrado, e o aumento da degradação ambiental causaram essa descompensação climática e desregulação no clima do Brasil", afirma o pesquisador.

A situação atual reforça a necessidade de ações imediatas e eficazes para lidar com as consequências das mudanças climáticas, preservando o meio ambiente e garantindo a sustentabilidade das atividades econômicas na região.

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