Alunos da UnB marcam manifestação de "direita" e prometem uso de taser e spray de pimenta
Ato é organizado pelo youtuber Wilker Leão, suspenso das aulas por filmar professores e colegas

Vinícius Nunes
Estudantes identificados com a direita da Universidade de Brasília (UnB) organizaram para esta sexta-feira (4) um ato em defesa de uma universidade "livre". Com o slogan "Make UnB free again" ("tornar a UnB livre novamente", em inglês), os participantes afirmam que levarão tasers e sprays de pimenta para "“autodefesa". Em mensagens obtidas pelo SBT News, os alunos combinaram de se reunir por volta das 17h30, em um local ainda a ser divulgado dentro do campus Darcy Ribeiro.
O taser, uma arma de choque, é classificado como de uso restrito pelo Exército, conforme o Regulamento de Produtos Controlados (R-105). Já o spray de pimenta não possui proibição expressa em nível federal, mas sua comercialização para civis é dificultada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que o enquadra como um "produto de controle especial".
A manifestação ocorre como resposta a um ato realizado por estudantes ligados à esquerda na semana passada. Em 24 de março, uma mobilização gerou tensão entre universitários quando o youtuber Wilker Leão apareceu no local.
Matriculado no curso de história da UnB, Leão organizou, em 14 de março, uma ação no Centro Acadêmico de Artes Visuais (CAVIS), cobrindo com tinta branca e uma bandeira de Israel símbolos associados à esquerda.
Em reação, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) promoveu um ato em 17 de março. Na segunda seguinte (24/3), uma nova mobilização foi realizada, desta vez com a presença da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
Leão compareceu ao ato e acabou gerando tumulto, sendo expulso do local. Ele registrou tudo em sua conta no YouTube.
O estudante está suspenso das aulas por 60 dias. Ele ficou conhecido por gravar e divulgar aulas sem autorização dos professores. Em um vídeo recente, afirmou que recorrerá da decisão da universidade e garantiu que continuará frequentando as aulas nas quais está matriculado. Leão já havia sido suspenso no ano passado pelo mesmo motivo.
Nos vídeos publicados, o aluno alega que as aulas possuem um viés de doutrinação de esquerda.
O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UnB divulgou uma nota repudiando ameaças e atos de violência dentro da universidade. No documento (leia a íntegra abaixo), a entidade declara que a UnB não será "palco de atividades antidemocráticas".
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) informou que enviará agentes ao campus para evitar possíveis episódios de violência na tarde desta sexta. As aulas de alguns departamentos, como o de Letras, foram canceladas.
Leia a íntegra da nota da Cepe
"O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Universidade de Brasília, reunido em sua 680ª reunião ordinária, no dia 3 de abril de 2025, no marco dos 40 anos da redemocratização do Brasil, vem a público posicionar-se contra as recentes manifestações de incitação à violência dirigida contra a comunidade acadêmica.
Esses ataques, que atentam contra os princípios fundamentais da democracia, da liberdade de expressão e do pensamento crítico, têm circulado impunemente nas redes sociais, fomentando o ódio e a intolerância contra a comunidade acadêmica.
A UnB não será palco para atividades antidemocráticas. Nossa comunidade não se calará diante da violência. Nossa resposta será sempre mais ciência e tecnologia, mais cultura, mais educação e mais democracia.
A UnB, alicerce perene da Democracia, conclama as instâncias responsáveis pelo combate à incitação à violência (Artigo 286 do Código Penal) a tomarem as medidas cabíveis contra aqueles que promovem tais atos de violência."








