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Relatório da CPI dos Atos Antidemocráticos tem aliados de Bolsonaro e Lula

Hermeto diz que documento, que será votado nesta 4ª na Câmara do DF, individualiza condutas de PMs, agentes federais e financiadores; Bolsonaro é citado

Relatório da CPI dos Atos Antidemocráticos tem aliados de Bolsonaro e Lula
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O relatório final da CPI dos Atos Antidemocráticos vai pedir o indiciamento de aliados do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de policiais militares do Distrito Federal - entre eles, os comandantes -, financiadores de acampamentos golpistas e dos protestos em rodovias, além dos envolvidos nos crimes do 8 de Janeiro, em Brasília. O documento, de cerca de 700 páginas, será apresentado nesta 4ª feira (29.nov) na Câmara Legislativa do Distrito Federal pelo deputado Hermeto (MDB) e votado na sequência.

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O ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula, o general Marco Antônio Gonçalves Dias, estará na lista dos alvos com pedido de indiciamento da CPI, segundo apurou o SBT News. G. Dias, como é conhecido, ficou de fora dos pedidos de indiciamento da CPMI do 8 de Janeiro, do Congresso, que encerrou os trabalhos em 18 de outubro responsabilizando a PM do DF e aliados de Bolsonaro pelos crimes. "Não transcrevemos a denúncia da PGR. Fizemos o nosso próprio relatório", afirmou o relator da CPI o relator, deputado Hermeto, em entrevista exclusiva ao SBT News

"Nosso relatório é extremamente técnico. Se tiver alguém indiciado, vai estar lá escrito por que foi indiciado, em que artigo, em que circunstâncias foi indiciado. Não vai ser indiciado porque tinha uma mensagem, que eu ouvi dizer, que o outro falou", afirmou o relator da CPI dos Atos Antidemocráticos, deputado Hermeto (MDB).

A lista de pedidos de indiciamento da CPI do DF também terá nomes que entraram no relatório final da CPMI do Congresso, entre eles Mauro Cid (ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, no Planalto). Além de membros da PM, como o coronel Klepter Rosa Gonçalves, ex-comandante no DF.  

Hermeto, que é policial militar da reserva, disse que não vai "facilitar" para os PMs envolvidos. "O pau que bater no Chico, vai bater no Francisco. Mas vai estar lá escrito e entendido por todos por que determinado PM foi indiciado e outro, não." O relator afirma que a CPI não vai colocar todos no mesmo "balaio" e promete apontar os responsáveis também no governo federal.

O relatório final deve ser votado e aprovado pela maioria dos deputados. As conclusões, apontamentos de crimes e os pedidos de indiciamento serão levados para polícia, Ministério Público, Justiça e os órgãos de controle de Estado. "Vamos entregar ao ministro Alexandre de Moraes", disse Hermeto, sobre os documentos reunidos e as conclusões da CPI. São mais de 200 requerimentos de quebras de sigilos bancários, fiscais e telemáticos (de email, mensagens de celular), acesso a relatórios de inteligência, inquéritos, processos, documentos oficiais, oitivas de testemunhas, diligências, entre outros.

Na entrevista ao SBT News, o relator da CPI afirmou que Bolsonaro será citado, terá suas responsabilidades apontadas, mas não será pedido seu indiciamento. "Não irei indiciar, isso aí já adianto." O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), também ficará de fora. .

Leia a entrevista com o deputado Hermeto (MDB), relator da CPI do DF sobre o 8 de janeirto:

O que esperar das conclusões da CPI?

Vamos votar o relatório dentro de alguns dias, numa sessão no plenário da Câmara Legislativa. O meu relatório, insisto em dizer, é técnico. A equipe técnica que está há nove meses comigo, dois delegados, escrivães, agente de polícia, fizeram diligências e nos aprofundamos nos fatos, sem aquela coisa de ilações, de ouvir falar que o outro disse, de narrativa de um, narrativa de outro. Temos um relatório enxuto, técnico e objetivo. Tenho muita fé de que ele vai preencher uma lacuna que ficou do dia 8 de Janeiro. Por que digo isso? Porque até o Ministério Público questionou a denúncia da PGR. E nós, diferente de outros, não transcrevemos a denúncia da PGR. Fizemos o nosso próprio relatório, no nosso entendimento das oitivas de mais de 30 oitivas que fizemos na Câmara Legislativa. 

Nosso relatório é extremamente técnico. Se tiver alguém indiciado, vai estar lá escrito por que foi indiciado, em que artigo, em que circunstâncias ele foi indiciado. Não vai ser indiciado porque tinha uma mensagem, que ouvi dizer, que o outro falou, não. Nosso relatório vai fazer justiça aos atos do dia 8, e mostrar individualmente a conduta de cada um.

Por que a polícia militar naquele dia falhou? O que desencadeou essa falha? Por que o efetivo da Polícia Militar naquele dia era muito pequeno? Por que faltou o planejamento? O acampamento, os financiadores, tudo isso vai estar no nosso relatório. Se houve falhas também do Exército, na Secretaria de Segurança Pública. 

O relatório da CPMI do Congresso focou muito na PM do DF. O trabalho da CPI do DF mostrou uma amplitude maior de responsáveis? 

Vai estar no meu relatório, mas não posso adiantar muita coisa. Quanto à CPMI do Congresso, eu a respeito, mas ela foi muito política. Os próprios depoentes, aqui na Câmara Legislativa, disseram que a nossa estava sendo conduzida de forma bem diferente. Era um fazendo vídeo, fazendo trejeito, uma guerra ideológica, ninguém conseguia coordenar os raciocínios, parece que cada um que estava ali queria aparecer para o seu público, queria fazer aquela guerra. Na nossa, não. Temos integrantes de direita, de esquerda, trabalhamos de uma forma harmônica e procuramos fazer um relatório que abrange tudo. 

Vai dar mais resultado que a CPMI? Qual encaminhamento será dado?

Não estou desqualificando a CPMI do Congresso, mas quero dizer que eu não vou transcrever a denúncia da PGR para o meu relatório. Se fosse assim, não precisaria fazer CPI. Só pegaria a transcrição do que tem a denúncia e colocaria no meu relatório. A CPI se aprofundou, foram nove meses, 30 oitivas. Temos um material farto, que vai poder ser usado pela Justiça e pelos acusados. Vamos entregar cópias para o Supremo Tribunal Federal, para a PGR, para o Ministério Público, para o Tribunal de Justiça. Vamos entregar em mãos para que eles possam avaliar. Quem faz a denúncia são eles. Simplesmente fizemos o nosso trabalho, nos aprofundamos bastante, conhecemos a fundo cada investigação e esse material, tenho certeza, pode ser bem utilizado pelo Supremo, pela PGR, pelo Ministério Público e até pelas defesas dos acusados.

Houve pressão externa sobre os nomes que serão indiciados?

Chega ao final de uma CPI respeitada, que se aprofundou, é normal pessoas se aproximarem, mandar intermediário. Mas isso já está superado, nosso relatório não vai ser contaminado por nada disso. Se tiver que cortar na própria carne, como policial militar, vou cortar. Mas vou mostrar por que, onde falhou a minha corporação, e a própria corporação vai entender, no relatório, o que realmente aconteceu. Então não adianta (dizerem)? "ah, o Hermeto é policial militar, ficou 30 anos na polícia, vai facilitar para os colegas". Não, não vou.

O pau que bater no Chico, vai bater no Francisco. Vai estar lá escrito e entendido por todos por que determinado foi indiciado e outro, não. Nós conhecemos a corporação, nos aprofundamos nas leis, nos regimentos, nas portarias da corporação, conhecemos o organograma, o comando, quem tem as atitudes. Tudo isso vai estar no relatório. 

Cada um, cada comandante, cada membro da corporação terá sua conduta individualizada. E cada conduta, se resultou no que aconteceu no dia 8. Não se pode colocar todo mundo no mesmo balaio, existe aí hierarquia, o comando, quem era o responsável.  

Por ser uma CPI da Câmara Distrital, vai focar nos agentes do DF? Ou agentes federais também serão apontados?

Os federais também. É como um dominó que derruba uma pedra e vai derrubando vários dominós e, quando você vê, derrubou tudo. Estão interligados, só posso adiantar isso, estão interligados. Tanto que o meu relatório será entregue também ao ministro Alexandre de Moraes. Vamos ter uma audiência com ele e vamos entregar à PGR, cabe a eles analisar se vai ajudar a investigação, se vai ajudar na hora de julgar. Principalmente financiadores, temos muitos.

Eu disse que não iria indicar quem não ouvi na CPI. Mas falo dos gestores, não dos financiadores. Não irei indiciar, isso aí já adianto, mas vai ter citações de quem não ouvi na CPI.

Eticamente é o que penso, como é que vou indiciar alguém que não ouvi? Já tem a PGR e o Supremo indiciando. Vou na linha que tracei, que é indiciar quem ouvi. Os que não ouvi, e que serão indiciados, não são gestores, são financiadores que participaram direta e indiretamente daqueles acampamentos, que resultou no atentado do dia 8 de janeiro. 

Em número de páginas, o relatório da CPI do DF vai passar de 1,1 mil do relatório da CPMI? E ele está pronto?

700 páginas. Está praticamente, ficamos até duas e trinta da manhã com os delegados, passando o texto , olhando, trabalhando junto com eles. Nessa reta final, não abro mão de estar junto com a equipe técnica. Até quarta-feira agora, que nós vamos apresentar o relatório, vamos estar com ele pronto. Vamos entregar uma cópia para cada deputado, uma cópia para a imprensa e vamos ler o relatório e vamos pôr em votação. Somos sete membros na CPI, ser aprovado, vamos entregar aos órgãos no mesmo dia.

Qual o recado que a CPI dos Atos Antidemocráticos dará aos envolvidos?

A lição que vamos tirar dessa CPI da Câmara Legislativa, foram nove meses, e não vai ser uma CPI que está ainda sob o calor dos acontecimentos, se passaram muito tempo. foi o suficiente para analisar com cautela, aprofundar e não fazer um juizo de valor antecipado. Não vamos fazer um relatório no calor dos acontecimentos, vamos colocar um relatório extremamente individualizado, técnico e que possa realmente fazer justiça ao que aconteceu naquele famigerado 8 do 1.

O ex-presidente Bolsonaro vai ser indiciado?

Não, já disse que não vou indiciar quem não ouvi.Agora, citado, ele vai ser. O fato de ele não ter reconhecido a derrota contribuiu, sim, para esses acampamentos, para alimentar no imaginário daquelas pessoas que o resultado da eleição era confuso. 

Eu perdi duas eleições para ganhar duas, o que que eu fazia quando perdia? Tinha o meu luto, que é normal, mas daqui a pouco você levanta a cabeça e dá a volta por cima e espera as próximas eleições, vai para a oposição e tira no voto. O fato de ele ficar calado, dnão reconhecer a derrota, não passar a faixa presidencial, sair do país antes da posse do novo presidente vai estar citado no relatório.

E o governador do DF, Ibaneis Rocha?

O governador Ibaneis não. Sempre delegou funções, não é centralizador. Pelo fato de ele ter um secretário de Segurança que já foi secretário anteriormente, que já tinha deixado o secretário adjunto, que era o Júlio Danilo, que fez um belíssimo trabalho na posse, ele acreditou no secretário, que trouxe também uma adjunto, que é o Fernando. O governador Ibaneis não tem culpa nenhuma.
 

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