Chuvas voltam ao Rio Grande do Sul afetando 179 cidades; 30 mil estão desabrigados
Em Porto Alegre, a cheia do Rio Guaíba interditou a orla, ponto turístico da capital. A Defesa Civil distribui água para quem ficou isolado em áreas inundadas
Luciane Kohlmann
Voltou a chover no Rio Grande do Sul após quatro dias de trégua, o que aumenta a preocupação nas áreas que ainda estão inundadas. Em todo o estado, 179 cidades foram atingidas e quase 30 mil pessoas estão fora de casa. Ao menos 15 trechos de rodovias seguem bloqueados.
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A auxiliar de limpeza Poliana de Oliveira vive em Eldorado do Sul, onde a água do rio Jacuí está baixando. "Não tem vela no mercado porque está todo mundo sem luz desde segunda", diz Poliana. "Sem luz, sem água e sem ônibus."
A dona de casa Jéssica de Araújo também enfrentou a inundação dentro de casa. "Houve uma noite em que passamos com sede. Ninguém esperava que fosse tão horrível."
O jovem Cauan Silva faltou no trabalho para poder levar comida para quatro famílias isoladas. "Estão passando fome, estão passando necessidade", disse o jovem. "Tem pão, tem ovo é o que a gente pode comprar."
Quase dois terços da área de eldorado do sul está embaixo d'água. Cerca de 700 pessoas foram acolhidas em abrigos municipais.
Gelson Antunes Santos, secretário de educação de Eldorado do Sul afirma: "Nós não estávamos preparados para tão rapidamente uma inundação de tamanha dimensão."
A dona de casa Virgínia Martins recebeu atendimento médico por suspeita de leptospirose. "Acabei passando mal dentro d'água, estava até o pescoço a água e quando chegou na ponta lá os bombeiros tiraram a gente."
Em Porto Alegre, a cheia do Rio Guaíba interditou a orla, ponto turístico da capital. A Defesa Civil distribui água para quem ficou isolado em áreas inundadas. Mais de 1,8 mil pessoas foram resgatadas na região das ilhas.
Desde 2ª feira (20.nov), o Guaíba está transbordando. A chegada do vento sul piorou a situação, porque dificulta o escoamento das águas. O nível dos rios caí e taquari já baixou após cheias históricas. Mas o Rio Uruguai continua subindo e afetando diversas cidades na fronteira com a Argentina.
Em Uruguaiana, quem não tem parentes próximos é abrigado em ginásios. Algumas famílias aguardam há mais de um mês para voltar para casa. Desde outubro, o Rio Uruguai não retorna ao nível normal.
Pelo menos 15 trechos de rodovias estaduais estão bloqueados. Em Alto Feliz, na Serra Gaúcha, não há tráfego na RS-122 desde sábado, depois que uma encosta de morro cedeu.
Em esteio, na região metropolitana, a água invadiu a pista da BR-116, que liga a capital à serra. Empresas e até um posto de combustíveis foram inundados.