Pesquisadores brasileiros desenvolvem córnea artificial
Tecnologia já começou a ser testada e pode devolver a visão a milhares de pessoas
SBT News
Cientistas do Departamento de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo, a UNIFESP, desenvolveram uma córnea artificial, 100% brasileira. A ceratoprótese é indicada para pacientes que apresentam alto risco de rejeição ao transplante de córnea e pessoas que tiveram queimaduras nos olhos provocadas por produtos químicos, por exemplo.
Hoje, em todo o país, mais de 24 mil pacientes aguardam na fila por algum procedimento nas córneas. Em casos de transplante, a espera por um doador leva em média 1 ano e um mês, mas o tempo pode ser maior em alguns estados.
A córnea artificial brasileira já foi testada em três pacientes. Todos voltaram a enxergar. O material feito de acrílico e titânio tem baixo índice de rejeição e vem para substituir o modelo americano, que deixou de ser usado no Brasil há cinco anos, devido a mudanças nas regras de importação.
Em entrevista ao SBT Brasil, o médico José Alves Pereira Gomes, professor associado da UNIFESP, explicou que a prótese tem custo menor do que a importada e também comentou sobre a tecnologia: "A nossa prótese começou a ser desenvolvida há mais ou menos cinco anos. Ela tem um sistema próprio, inovador, que permite uma ótima adaptação na córnea do paciente", esclarece Gomes.
A venezuelana Jojana Infantes, por exemplo, sofreu uma queimadura nos olhos provocada por um spray de ácido, durante uma manifestação política no país dela. Passou oito anos sem enxergar e, há cerca de 4 meses, recuperou a visão graças a uma prótese de córnea.
O estudo agora aguarda a autorização para mais uma fase de testes em outras vinte pessoas. Só depois dos resultados positivos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária pode autorizar a comercialização.