Mortes na Bahia acendem luz vermelha na Secretaria de Segurança Pública do estado
Apenas em setembro, 46 pessoas morreram em conflitos armados entre polícia e membros de facções criminosas
A escalada de violência na Bahia tem colocado em destaque uma série de problemas relacionados à segurança pública no estado. Somente no mês de setembro, 46 pessoas perderam a vida em conflitos armados, sendo 45 supostos criminosos e um policial federal.
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A maior parte dos confrontos ocorre nos bairros periféricos de Salvador e envolve as forças policiais e indivíduos supostamente ligados ao tráfico de drogas. A Secretaria de Segurança Pública do estado tem realizado uma série de operações em conjunto com a Polícia Militar, Polícia Civil e em parceria com a Polícia Federal. No último dia 15 de setembro, teve início a Operação Fauda, que resultou na morte do policial federal Lucas Caribé e deixou dois outros agentes feridos.
Segundo a Polícia Federal, a ação tinha como objetivo cumprir mandados de prisão contra membros de uma facção criminosa, mas os policiais teriam sido emboscados por cerca de 40 criminosos no bairro Valéria, em Salvador. Ao todo, 10 pessoas perderam a vida apenas nessa operação.
Na última 6ª feira, (22.set), teve início a Operação Saigon, que visava capturar traficantes, cumprindo mandados de prisão e busca e apreensão. Segundo o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Salvador, a quadrilha alvo da ação seria responsável por mais de 30 homicídios no último ano. Cinco pessoas foram mortas durante os confrontos com a polícia.
Em uma iniciativa para mapear os conflitos e buscar reduzir a letalidade nas operações policiais, membros do Ministério Público da Bahia, das Secretarias de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) e de Segurança Pública (SSP) se reuniram na última 5ª feira (21.set), para discutir medidas de fortalecimento da segurança pública no estado e combate à violência.
"Esta reunião reafirma o esforço de trabalho conjunto entre o Ministério Público e o Governo do Estado para encontrarmos soluções para o problema da letalidade policial em nosso estado. Recentemente, a SSP criou um grupo de trabalho para elaborar um plano de ação sobre o tema, e nós, da SJDH, também estamos preparando propostas nessa direção. A ideia é qualificar cada vez mais a atuação policial com eficiência, reduzindo a letalidade e protegendo os direitos humanos", explicou o secretário de Justiça e Direitos Humanos de Salvador, Felipe Freitas.
Em agosto, o ministro de Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, chegou a acionar a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos para investigar as mortes envolvendo as forças policiais. Na mesma época, embora tenha considerado as ações excessivas, o ministro da Justiça, Flávio Dino, rejeitou qualquer intervenção do Governo Federal na Bahia. Somente naquele mês, 30 pessoas perderam as vidas em confrontos com as forças policiais.
Neste domingo 24.set), Dino falou a respeito da situação na Bahia, e a classificou como desafiadora, porém afirmou que a pasta está em contato constante com as autoridades baianas e que tem apoiado o estado com o envio de efetivo e viaturas o que, segundo ele, não pode ser classificado como uma atuação interventora.
"É um quadro muito desafiador. O que nós fizemos foi fortalecer a presença da Polícia Federal, sobretudo visando a pacificação. No sentido amplo da palavra 'intervenção', claro que há, no sentido da presença. A presença está sendo ampliada, mas em parceria com o governo do estado", disse.
Confira o balanço das mortes na Bahia em setembro:
- De 3 a 7 de setembro: 11 suspeitos de integrar facções criminosas foram mortos em confrontos com a Polícia Militar.
- Em 10 de setembro, 2 pessoas foram mortas.
- Em 15 de setembro, 4 suspeitos e um policial federal perderam a vida durante uma operação conjunta da Polícia Civil e da Polícia Federal.
- De 16 a 21 de setembro, 10 suspeitos de envolvimento na emboscada que resultou na morte do policial federal foram mortos.
- Em 22 de setembro, 6 suspeitos de integrarem facções criminosas foram mortos.
- Em 23 de setembro, 5 suspeitos morreram em dois confrontos com a PM.