Mesmo com estiagem, Brasil teve safra recorde em 2022
Dados divulgados pelo IBGE mostram que país produziu 263,8 milhões de toneladas de alimentos
Agência Brasil
Em 2022, o Brasil conquistou recorde em termos de valor de produção de alimentos, totalizando R$ 830,1 bilhões. Esse montante reflete um crescimento de 11,8% em comparação ao ano anterior, e desde 2019, essa alta acumulada já atingiu a marca de 130%, mais que dobrando os valores registrados. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas chegou a 263,8 milhões de toneladas, representando um crescimento de 3,8% em relação a 2021. As informações fazem parte da pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM), divulgada nesta 5ª feira (14.set), pelo IBGE.
No ano passado, o município de Sorriso, em Mato Grosso, alcançou o valor de produção agrícola de R$ 11,5 bilhões, um crescimento de 15,2% em relação a 2021.
A pesquisa acompanha a safra de 64 produtos agrícolas no país e traz detalhes sobre área plantada, área efetivamente colhida, quantidade produzida, rendimento médio obtido e valores das culturas temporárias e permanentes.
No ano passado, a área colhida cresceu 5,4% ante 2021 e alcançou 90,4 milhões de hectares. Para efeito de comparação, se essa área fosse contígua, seria do tamanho do estado de Mato Grosso.
A soja é o principal produto agrícola do Brasil, consolidando o país como o líder mundial em sua produção. No entanto, devido aos impactos causados por uma estiagem prolongada, a colheita dessa cultura registrou uma queda de 10,5% em 2022. Mesmo diante desses desafios climáticos, o valor total da produção conseguiu manter-se em crescimento, aumentando em 1,3%, atingindo R$ 345,4 bilhões. A soja representa uma parcela significativa, correspondendo a 41,6% do valor total da produção agrícola brasileira.
O milho ocupa a segunda posição, contribuindo com 16,6% do valor total. Surpreendentemente, o milho destacou-se como a cultura que mais contribuiu para o aumento do valor da produção agrícola no ano, alcançando uma colheita de 109,4 milhões de toneladas e gerando um valor bruto de R$ 137,7 bilhões, o que corresponde a um impressionante acréscimo de 18,6% em comparação à safra anterior.
A produção de cana-de-açúcar alcançou 724,4 milhões de toneladas, com alta de 1,2%. O valor de produção subiu 24,2% e chegou a R$ 93,5 bilhões. A colheita de café cresceu 6,3% e chegou a 3,2 milhões de toneladas. Já o valor do café subiu 48,8%. Resultado que mantém o Brasil como maior produtor e exportador de café no mundo.
Ainda entre as principais culturas agrícolas, a PAM 2022 destaca o algodão, que teve alta de 12,4% na colheita, chegando a 6,4 milhões de toneladas. O valor da produção atingiu R$ 33,1 bilhões (+25,2% ante 2021).
O trigo manteve o ritmo de ampliação das áreas de cultivo, o que ajudou a garantir uma safra recorde de 10,3 milhões de toneladas, acréscimo de 31,3% em relação ao ano anterior. A ampliação na quantidade produzida e a valorização do preço de mercado permitiram que a cultura alcançasse quase R$ 15,7 bilhões em valor de produção, uma alta de 42,6%.
A falta de chuvas no Rio Grande do Sul no ano passado impactou a produção do arroz, que caiu 7,6% e ficou no patamar de 10,8 milhões de toneladas. A diminuição no valor de produção em comparação ao ano anterior foi ainda maior: 18,9%, gerando R$ 15,5 bilhões.
Estiagem muda ranking
Em 2022, o clima adverso na região Sul fez com que o Rio Grande do Sul perdesse posição no topo do ranking de estados produtores. A liderança é de Mato Grosso. Empurrados pela soja, milho e algodão, os campos mato-grossenses são donos de 21,1% do valor da produção agrícola nacional.
São Paulo, maior produtor nacional de cana-de-açúcar e laranja, ganhou uma posição entre 2021 e 2022 e ocupa o segundo posto (12,4%). Minas Gerais, líder nacional na produção de café, ganhou duas posições e é agora o terceiro colocado, com 10,5% do valor do agro nacional.
Apesar da estiagem que afetou a produtividade da soja, o Paraná permanece no quarto lugar do ranking (10,1%), à frente de Goiás. O Rio Grande do Sul, com a quebra das safras de soja e arroz, apresentou recuo de 28,8% no valor de produção em 2022, caindo da segunda para a sexta posição entre os estados.
Classificando por regiões, o Centro-Oeste é o maior celeiro do país, com valor de produção de R$ 304 bilhões. Em seguida vêm Sudeste, Sul, Nordeste e Norte.
Municípios campeões
Os dez municípios com os maiores valores da produção agrícola geraram juntos R$ 74,7 bilhões, concentrando 9% do valor obtido no país. Desses, seis pertenciam a Mato Grosso, enquanto Bahia e Goiás aparecem com duas cidades cada.
Os três principais municípios do ranking ficam em Mato Grosso. Além de Sorriso (R$ 11,5 bilhões), maior produtor de milho e soja, se destacam Campo Novo dos Parecis (R$ 8,2 bilhões) e Sapezal (R$ 8 bilhões).