São Paulo registrou quase uma morte de ciclista por dia em 2023
Ao todo, foram 201 óbitos nos primeiros 7 meses do ano no estado, segundo Sistema de Informações de Acidentes de Trânsito
Fernanda Trigueiro
O estado de São Paulo registrou quase uma morte de ciclista por dia, nos sete primeiros meses de 2023, segundo dados do Sistema de Informações de Acidentes de Trânsito. Ao todo, foram 201 óbitos no período.
A equipe do SBT BRasil acompanhou um grupo de ciclistas em um percurso pela Marginal Tietê, na capital paulista - uma das vias com o maior volume de tráfego do país.
O chamado "Pelotão Campo de Marte" surgiu em 2007, com apenas três ciclistas, que circulavam pela zona norte de São Paulo. Hoje, são 250. Pedalando em grupo, Daryane diz se sentir mais segura. "A gente tem que respeitar sempre o menor e, muitas vezes, isso não acontece, principalmente, com as mulheres. Então, a gente prefere andar em pelotão", conta a executiva Daryane Stella.
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Eles treinam quatro vezes por semana e fazem um circuito total de 500 quilômetros. À noite, as bicicletas transitam também pelas marginais. Atraídos pelas condições da pista e, principalmente, pela possibilidade de pedalar com velocidade maior - já que nas ciclovias há um limite -, os ciclistas optam por enfrentar o trânsito e disputar o espaço com os carros.
Um trajeto que nem sempre é tranquilo, segundo os próprios membros do grupo. "Tem aqueles que não enxergam o ciclista, e tem aqueles que não gostam que a gente pedale, quer que a gente pedale na ciclovia, mas é outro tipo de pedal né", observa a engenheira Andrea Almeida.
A capital paulista tem a maior malha cicloviária do Brasil. São mais de 700 quilômetros de pista exclusiva para quem pedala. Mas, não há pistas para treinos profissionais, as chamadas Áreas de Proteção ao Ciclismo de Competição (APCC), que costumam ter extensão maior e isolam os ciclistas de demais veículos.
"Rio de Janeiro tem cinco APCCs. Nós, aqui em São Paulo, tentamos negociar com a CET, justamente, tendo em vista o 'Pelotão de Marte', uma criação de uma APCC. Mas, a gente não conseguiu chegar em uma negociação em comum", afirma a arquiteta e ciclista, Renata Falzoni.
O direito de pedalar em estradas e rodovias é assegurado pela lei. O Código de Trânsito Brasileiro prevê que bicicletas tenham prioridade sobre os automóveis, que devem manter uma distância mínima de um metro e meio.
"Sempre tem os que não respeitam. Eles jogam o carro para cima, buzinam, 'tira-fina'. O carro saiu de trás do caminhão, em alta velocidade, me acertou, e me projetou contra ela [outra ciclista], e os dois caíram", lembra o analista de RH, Victor Rogério Silva.
Victor e a esposa foram atropelados. Depois do susto, eles reforçaram o uso dos equipamentos de segurança. O acidente, porém, não foi motivo para desistir. Sobre duas rodas, há quem explore a cidade e siga firme na luta por respeito. "O brasileiro precisa se educar muito para que a gente consiga o nosso espaço como ciclista", conclui a ciclista Andrea.