Taxistas e motoristas de aplicativo viram "caçadores de buracos" em São Paulo
Mais de 100 carros receberam um aparelho que ajuda a mapear os trechos onde o asfalto está ruim na cidade
Wagner Lauria Jr.
Em parceria com taxistas e motoristas de aplicativo, a Prefeitura de São Paulo está adotando um novo projeto para recapeamento da cidade. O sistema Gaia, criado em parceria com Universidade de São Paulo (USP), é um sensor instalado nos amortecedores do automóvel, que consegue mapear todas as vezes em que o veículo balança.
De acordo com o diretor de controle de vias públicas da Prefeitura, Alex Campos, "é como se fosse um eletrocardiograma: conforme o veículo vai passando na via, sua qualidade é detectada".
O taxista Paulo foi um dos primeiros motoristas a participar do projeto e diz que não atrapalha em nada sua rotina de trabalho. Como ajuda de custo, os colaboradores recebem R$ 500 por mês.
"O aparelhinho faz a medição das variações que têm no asfalto, sempre que a gente passa em lombadas, em buracos", explica Paulo Ramalho Corbetta, motorista de taxi
Os dados são enviados para uma Central por um Aplicativo, onde são decodificados com o uso de inteligência artificial e ilustram os mapas da cidade com cores e escalas. A qualidade vai do "Ótimo" ao "Péssimo". Antes, esse mapeamento era feito de forma manual.
Na cidade de São Paulo são 196 milhões de metros quadrados de vias asfaltadas. 9 milhões já foram ou estão sendo recapeadas pelo novo programa. Antes, a durabilidade média do asfalto era de dois anos. Com as novas tecnologias adotadas, a expectativa é que dure cinco anos.
Há outros dois sistemas complementares, usados também em rodovias, aeroportos e pistas de F1. O FWD: uma máquina que lança pesos sobre asfalto para identificar a necessidade de reparos e o Pavscan, que funciona como um raio-x do asfalto.
As queixas relacionadas ao asfalto na capital ocupam o 2º lugar no ranking das solicitações mais requisitadas. Em três meses, foram mais de 60 mil reclamações. A prefeitura luta contra o tempo para acabar com a "buraqueira paulistana".