Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no RS
Criatura é o animal mais bem preservado de um precursor dos pterossauros, répteis voadores que dividiram a Terra com os dinossauros há 165 milhões de anos

SBT News
Pesquisadores do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) descobriram um fóssil de réptil pré-histórico, que viveu por volta de 230 milhões de anos atrás. A criatura pertence a um grupo extinto chamado de Lagerpetidae, parentes mais próximos dos pterossauros, répteis voadores que dividiram a Terra com os dinossauros há 165 milhões de anos.
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O fóssil, escavado no território do Geoparque Quarta Colônia, no município de São João do Polêsine, no Rio Grande do Sul, em 2022, é o animal mais bem preservado de um precursor dos pterossauros e recebeu o nome de Venetoraptor gassenae. Segundo os cientistas, "essa é a primeira vez que se consegue ter uma imagem tão clara de como foram essas criaturas que vieram antes dos famosos répteis voadores".
O réptil descoberto apresenta uma combinação de características consideradas incomuns pelos pesquisadores, como um bico raptorial e mãos proporcionalmente grandes, munidas de garras longas e afiadas. O pequeno réptil pesava entre 4 a 8 quilogramas, media aproximadamente 1 metro de comprimento, locomovia-se adotando uma postura bípede, tendo as mãos livres para manusear presas ou escalar árvores.

O bico raptorial incomum do animal descoberto antecede àquele dos dinossauros em aproximadamente 80 milhões de anos. Em aves modernas, bicos semelhantes servem para rasgar carne ou consumir frutas duras. Associado às grandes garras em forma de foice, o bico pode ter servido para lidar com potenciais presas, e as garras podem ter auxiliado o réptil a escalar árvores e a se livrar de seus predadores.
"Essa grande diversidade de características indica que a linhagem que originou os dinossauros e pterossauros passou por um primeiro grande salto de diversificação antes do estabelecimento dos répteis mais famosos da Era Mesozoica. O sucesso evolutivo dos dinossauros e pterossauros foi resultado da sobrevivência diferenciada em meio às variações da natureza e da estrutura corpórea do animal", aponta o paleontólogo Rodrigo Temp Müller, que liderou o estudo.
A descoberta de um novo fóssil no país foi destaque na edição desta 4ª feira (16.ago) da revista Nature, um das publicações mais importantes de ciência do mundo.
Os mais de 50 fragmentos ósseos encontrados, que incluem partes do crânio, bico e fêmur, estão em exibição no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia/UFSM, no município de São João do Polêsine.
