Veja o que a PF encontrou no celular de Mauro Cid, ex-assessor de Bolsonaro
Textos recebidos indicam apoio para interferir no resultado das eleições e temor por prisão
A perícia da Polícia Federal no celular do tenente-coronel Mauro Cid, braço direito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o governo, encontrou mensagens que reforçam a preparação de um golpe de estado. Entre os diálogos, foram encontrados pedidos de militares para que Bolsonaro fosse convencido. A defesa do ex-presidente nega participação em "trama golpista".
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O teor dos diálogos foram revelados pela revista Veja, e complementados por outros portais de notícia ao longo desta 6ª feira (16.jun). As mensagens foram trocadas entre Mauro Cid e o coronel Jean Lawand Junior, à época gerente de ordens do Alto Comando do Exército (ACE), e indicam apoio de membros das Forças Armadas para manter Bolsonaro no poder.
"Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente vai ser preso. E, pior, na Papuda, cara", disse Lawand Junior em áudio, enviado no dia 1º de dezembro, conforme publicação do portal G1. Cid, por sua vez, respondeu que Bolsonaro não poderia dar uma ordem sem confiar no Alto Comando do Exército.
Dez dias depois, uma nova mensagem pedia para que Bolsonaro ordenasse pela mudança: "Cid pelo amor de Deus, o homem tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de Divisão para baixo está".
No celular de Cid também foi encontrado um documento chamado "Forças Armadas como poder moderador", e mostra uma série de ações para desidratar as instituições, que apresentava ações para nomear um interventor, afastar e abrir investigações contra ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a definição de uma nova eleição.
Outras mensagens também pedem para que Cid "convença o 01", em referência a Bolsonaro. Não há indicações de que os conteúdos tenham sido encaminhados para o ex-presidente.
Em nota, o Exército negou a intenção de golpe e se colocou a favor da Constituição. Também comunicou que "opiniões e comentários pessoais não representam o pensamento da cadeia de comando". A Força também disse que ações administrativas estão sendo tomadas e que as condutas serão julgadas.
A defesa de Bolsonaro também afirmou que os diálogos "comprovam, mais uma vez, que o presidente Bolsonaro jamais participou de qualquer conversa sobre um suposto golpe de Estado". E que por ser ajudante de ordens, Mauro Cid, "recebia todas as demandas - pedidos de agendamento, recados etc - que deveriam chegar ao presidente da República. O celular dele, portanto, por diversas ocasiões se transformou numa simples caixa de correspondência que registrava as mais diversas lamentações".