General Heleno nega plano de golpe orquestrado no governo Bolsonaro
Ex-chefe do GSI do governo Bolsonaro prestou depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos da CLDF
Ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno negou a existência de um plano de golpe de Estado orquestrado no governo Jair Bolsonaro (PL). Em depoimento nesta 5ª feira (1.jun), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), disse nunca ter tratado sobre o assunto com o ex-presidente.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Heleno prestou depoimento por mais de 3 horas aos deputados distritais. Afirmou nunca ter visto a "minuta do golpe", em referência ao documento encontrado na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres durante buscas da Polícia Federal (PF), em janeiro. "Jamais vi essa minuta."
O papel era uma minuta de um decreto que impunha uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Heleno afirmou que não tratou "com Bolsonaro sobre o assunto".
Um dos mais influentes ministros de Bolsonaro no governo, Heleno defendeu o ex-presidente e afirmou que não havia qualquer planejamento para um ato golpista.
"Um golpe, para ter sucesso, precisa ter líderes, um líder principal, que esteja disposto a assumir esse papel. Não é uma atitude simples", afirmou Heleno.
O ex-GSI disse que lamentou os atos de invasão e depredação nos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro. "Achei lamentáveis, inadmissíveis. Lógico que foi muito ruim para a imagem do Brasil."
Eleições
Heleno afirmou aos deputados que Bolsonaro "acatou" o resultado das eleições, assim como ele, ao negar ter havido intenção de golpe dentro do governo.
O ex-chefe do GSI afirmou que os atos de 8 de janeiro e os ataques à sede da PF no dia 12 de dezembro - após prisão do índio Tsererê, por atos golpistas - foram fatos "isolados" e "sem chefes definidos".
Ele também defendeu a mobilização no acampamento montado em frente ao quartel do Exército, de onde partiram boa parte dos invasores do 8/01. "Não estive nenhuma vez no acampamento. Conhecia de fotografias. Mas acredito, pelo que se escuta, que o acampamento era um local sadio, onde se faziam muitas orações, se reuniam para conversar sobre assuntos políticos."
O depoimento de Heleno havia sido marcado para 19 de abril, mas acabou adiado a pedido da defesa.