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Ataques em escolas com armas de fogo foram mais letais do que com armas brancas

Mapeamento do Instituto Sou da Paz mostra que em 21 anos massacres e mortes aumentaram no país

Ataques em escolas com armas de fogo foram mais letais do que com armas brancas
Homem estava com máscara cobrindo o rosto e roupas camufladas | Reprodução/Redes sociais
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O Instituto Sou da Paz lança um mapeamento inédito que mostra o aumento de casos de usos de armas de fogo nos ataques em escolas. 
Vinte um anos após o primeiro registro de ataque a escola no Brasil, em 2002, até este ano, foram registrados 24 ataques, que deixaram 137 vítimas, sendo destas 45 fatais e 92 não fatais.

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Os dados mostram que revólveres e pistolas foram usados em onze casos, contra dez com armas brancas. Além disso, os ataques a tiros geraram três vezes mais vítimas fatais o que as ocorrências com armas cortantes ou perfurantes.

Os casos com arma branca tiveram uma vítima fatal entre três não fatais, enquanto os casos com uso de arma de fogo foram três vítimas fatais e cinco não fatais.

Dois dos três casos de maior número de vítimas aconteceram a partir de 2019, mesmo ano em que iniciou a flexibilização do acesso às armas promovida em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

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Em 60% dos casos, as armas de fogo já estavam na casa do agressor e pertenciam ao pai, mãe ou a outro parente que morava na casa.

Nos 40% dos casos, as armas de fogo eram de um servidor da área de segurança, como policial, perito ou guarda, e 20% destas armas foram tiradas do seu dono legal, sendo revendidas ou vendidas por ele.

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Há três registros de alunos que tentaram obter uma arma de fogo para fazer um ataque na escola, mas não conseguiram.

A maior parte dos agressores é formada por alunos e ex-alunos e, em pelo menos 20 casos, aconteceu o planejamento do crime por semanas ou meses. Mostrando que existe tempo da comunidade escolar evitar o ataque observando comportamentos estranhos dos possíveis autores dos ataques.

"O estudo mostra que a disponibilidade de armas em residências favorece esse tipo de crime e aumenta a letalidade. Em alguns casos, estudantes tentaram e não conseguiram armas de fogo para usar nos ataques, o que poderia ter aumentado o número de vítimas. Isso coloca em evidência o quão crucial é o controle do acesso às armas para redução da letalidade destes eventos, já que ferimentos com armas brancas e armas de pressão são menos graves e têm mais chances de defesa, socorro e recuperação da vítima", diz Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz.

SP tem mais ataques em escolas do que 4 estados juntos

Dos treze Estados estudados no levantamento, mostra que São Paulo registrou mais casos de ataques em escolas do que Rio de Janeiro, Espirito Santo, Minas Gerais e Bahia juntos. 

Nos termos regionais, Sudeste lidera o número de casos, seguidos por Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte do país.

Confira os números abaixo por Estado:

  • SP - 7 casos
  • RJ - 2 casos 
  • BA - 2 casos
  • CE - 2 casos
  • SC - 2 casos
  • GO - 2 casos 
  • ES - 2 casos
  • MG - 1 caso
  • PR - 1 caso
  • PB - 1 caso
  • PR - 1 caso
  • RS - 1 caso
  • AM - 1 caso


Ataques com mais vítimas foi entre 2019 a 2022

No levantamento, apenas no primeiro quadrimestre de 2022 foram registrados cinco casos, sendo que três deles na mesma semana de abril. Dois dos três ataques com maior número de vítimas foram entre 2019 e 2022, no mesmo período em que começou a flexibilização do acesso às armas promovida pelo governo federal anterior.

Um quarto dos ataques aconteceu no mês de abril, mostrando uma relação a casos de grande repercussão, cultuados por grupos extremistas e de extrema-direita, como o Massacre de Columbine, nos Estados Unidos e o de Realengo no Rio de Janeiro. 

Ataques foram feitos por homens e meninos

O dado do Sou da Paz mostra também que todos os ataques em escolas foram realizados por homens, e que 88% dos ataques foi cometido por um autor, com idade média de 16 anos.

A maioria dos casos, ou seja, 93%, o alvo tem ligação ou significado com o agressor. 59% dos autores são alunos e, em pelo menos dois casos, o agressor estava há meses sem ir às aulas, sem providência de busca ativa tenha sido feita pelas autoridades.

Fator de proteção, que se deixado de lado, contribui para o isolamento e radicalização dos estudantes que ficam longe do ambiente escolar.

+ Ataque em escola deixa três alunos baleados em Sobral (CE)

Relação dos agressores com a instituição atacada:

  • 59% são alunos
  • 33% são ex-alunos
  • 7% não tem relação com a instituição de ensino

Revólver e pistola são as armas mais utilizadas

Revólver ponto 38 foi a arma mais utilizada nos ataques em escolas | Unsplash

A arma mais utilizada em ataques em escolas foi o revólver ponto 38 e ponto 32 e a pistola ponto 40, que juntos somam 86% dos usos nos crimes.

80% das armas usadas se enquadram nas categorias que até maio de 2019 eram de uso permitido a civis. Das três armas, a pistola ponto 40, que antes de 2019 eram de uso restrito, duas eram de propriedade de parentes que trabalhavam nas forças de segurança e uma delas era registrada por um CAC (como no caso de Sobral, no Ceará).

Em ao menos dois casos envolvendo armas de fogo, há relatos de que o pai havia ensinado o agressor menor de idade a atirar, como foi registrado em Aracruz (AL) e Sobral (CE).
+ VÍDEO: Câmeras de escola em Aracruz registraram ataque a tiros

Confira os dados de uso de armas:

  • Revólver ponto 38 (8 casos) somam 53% dos casos
  • Pistola ponto 40 (3 casos) somam 20% dos casos
  • Revólver ponto 32 (2 casos) acumulam 13% dos ataques
  • Garrucha ponto 38 (1 caso) acumulam 7% dos ataques
  • Garrucha ponto 22 (1 caso) são 7% dos casos registrados

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