Marielle e ataques ao STF: o que polícia quis saber de Bolsonaro
Na sede da PF pela terceira vez desde que retornou ao Brasil, ex-presidente falou por quase 4h
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi questionado pela Polícia Federal, durante depoimento nesta 3ª feira (16.mai), sobre o papel de seus assessores e aliados, Mauro Cid e Ailton Barros, acerca dos ataques a ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, em 2018.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Foi a terceira vez que o ex-presidente teve que comparecer à sede da PF, em Brasília, para prestar depoimento em inquéritos criminais. No mais longo deles, com quase 4 horas de duração, ele é investigado em um esquema de fraude no registro e na emissão de certificados de vacinação contra a Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde. Bolsonaro negou participação na fraude e ter ordenado que elas fossem realizadas.
Marielle Franco
O ex-presidente ainda foi questionado sobre temas que orbitam as investigações e os investigados. Um deles é a conversa entre o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e Ailton Barros sobre a execução da vereadora Marielle Franco, em 2018. No diálogo, Ailton Barros afirma saber quem ordenou que o crime fosse cometido.
A PF registrou no termo de declaração de Bolsonaro: "Mauro Cid nunca comentou com o declarante o referido áudio encaminhado por Ailton Barros".
Ataques a ministros
Bolsonaro ainda foi questionado sobre ataques ao STF e ao TSE relativos a conversas interceptadas nas investigações entre Mauro Cid e Ailton Barros. O delegado chegou a apresentar mais de um trecho de conversas em que eles fazem menção a xingamentos aos magistrados, mas Bolsonaro negou.
O ex-presidente afirmou que "não participou ou orientou qualquer ato de insurreição ou subversão contra o Estado de Direito". Bolsonaro ainda disse desconhecer o conteúdo e os motivos das conversas entre os dois aliados.
"Ailton não possui liderança para arregimentar pessoas para qualquer ato", afirmou Bolsonaro. "Ressalta que não concorda com qualquer tratativa nesse sentido."
Mauro Cid
Bolsonaro afirmou que "se Mauro Cid arquitetou" a fraude foi "à revelia, sem qualquer conhecimento ou orientação". No entanto, o ex-presidente disse que "acredita que Mauro Cid não tenha arquitetado a inserção de dados falsos em seu nome e em nome de sua filha no sistema do SI-PNI do Ministério da Saúde".