Em Duque de Caxias, PF mira "central das fraudes" de vacinação
Secretário da cidade, deputado e coordenadora das vacinas foram alvos de prisão e buscas, da Operação Venire
Ricardo Brandt
As buscas por provas sobre suposto esquema de fraudes no lançamento de dados sobre vacinação contra a covid-19, no sistema do Ministério da Saúde, têm Duque de Caxias (RJ) como alvo central das investigações da Operação Venire, deflagrada nesta 4ª feira (3.mai). Entre os alvos, estão aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - que também está na mira dos policiais.
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O secretário de Governo da prefeitura de Duque de Caxias, João Carlos Brecha, foi preso pela manhã. São seis prisões e 16 buscas e apreensões na Operação Venire.
Foram feitas ainda buscas e apreensões em endereços do deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), irmão do ex-prefeito de Duque de Caxias Washington Reis (MDB).
Também foi alvo a coordenadora da Central de Vacinas de Duque de Caxias, Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva. Responsável pelo controle das vacinas, Cláudia Helena foi conduzida coercitivamente para depor na sede da PF do Rio.
Outro alvo de buscas no Rio, supostamente relacionado às fraudes de inserção de dados sobre vacinação, está o ex-vereador Marcello Siciliano (PP) - que já foi investigado no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018 -, também teria se envolvido nas supostas fraudes.
Um registro de vacinação em nome da filha mais nova de Bolsonaro, Laura, inserido e retirado do sistema do Ministério da Saúde, em dezembro de 2021, teria sido feito via Duque de Caxias. O registro teria levado em consideração um atestado de vacina emitido em Goiás e com a participação de aliados do ex-presidente.
Venire
A PF fez buscas na casa do ex-presidente Bolsonaro na manhã desta 4ª e prendeu seu braço direito, o tenente-coronel Mauro Cid. Ele teria intermediado a emissão do cartão de vacinação e os registros no sistema federal. Outros quatro seguranças de Bolsonaro também foram presos.
A apuração foi iniciada na Controladoria-Geral da União (CGU), que investiga a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19 no sistema do Ministério da Saúde. Bolsonaro é um dos suspeitos.
A investigação na CGU foi aberta no dia 30 de dezembro de 2022, no apagar das luzes do governo Bolsonaro e com a equipe do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já atuando. O governo eleito havia decidido rever o sigilo de 100 anos imposto por Bolsonaro para seu cartão de vacinação.
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