Ao avaliar os 100 dias, Leite planeja reestruturar plano de saúde do estado
Governador do Rio Grande do Sul diz que prioridade do 2º mandato é apresentar "melhores resultados"
O balanço dos 100 dias do inédito segundo mandato de um governador gaúcho coincidiu com a paralisação de parte dos 6.466 médicos cadastrados no plano de saúde dos servidores públicos do Rio Grande do Sul, o Ipe Saúde. Os médicos pedem reajuste dos honorários e ameaçam fazer apenas atendimentos de urgências e emergências até a próxima 4ª feira (12.abr).
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Diante da crise do serviço de saúde estatal, que recentemente foi tema de reclamação de hospitais conveniados pelo pagamento de dívidas, Eduardo Leite (PSDB) anunciou para esta semana a apresentação de um diagnóstico do Ipe Saúde e, para a próxima, de um projeto de reestruturação a ser enviado para votação na Assembleia Legislativa, com o objetivo de "recuperar o equilíbrio financeiro do instituto". No auge da crise, no ano passado, as dívidas do serviço chegaram a passar de R$ 1 bi.
O evento dos 100 dias do governo gaúcho ocorreu nesta 2ª feira (10.abr), no cais do porto de Porto Alegre, com secretários de estado e políticos. Leite reforçou a educação como prioridade número 1 e a aproximação da Secretaria de Obras com a da Educação para reformar escolas. Na semana passada, em almoço com jornalistas, ele reclamou da burocracia que retarda o processo de licitação, mesmo emergencial, de empresas interessadas nas reformas das instituições de ensino e intimou equipes a melhorarem o processo.
O governador destacou também a reação do Estado às denúncias de trabalho análogo à escraviação com terceirizados de vinícolas da serra gaúcha, com intermediação promovida com o Ministério Público do Trabalho e reunião com prefeitos e outros órgãos envolvidos. Segundo Leite, as empresas denunciadas "demonstraram total compromisso" no combate à mão de obra escravizada.
Outro problema do Rio Grande do Sul é a estiagem, que afeta produtores rurais há 3 anos. O governador disse que em breve deve anunciar investimentos do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) no combate à seca e liberou produtores do pagamento das parcelas relacionada às sementes adquiridas através de um programa de governo.
Economia
Eduardo Leite reclamou da queda de arrecadação de impostos, que, segundo ele, se assemelha a de outros estados, e criticou a intenção do governo federal de interferir politicamente para baixar os juros. De acordo com ele, o governo Lula deveria estar preocupado em "gastar melhor" para levar à queda dos juros pelo mercado e fazer a economia andar.
O governador gaúcho criticou ainda a judicialização que posterga a entrega da Companhia Riograndense de Saneamento à iniciativa privada. A "ex-estatal" já foi leiloada mas os trâmites foram parar na justiça. Leite disse que concorda com a privatização da estatal de saneamento da Prefeitura de Porto Alegre, intenção já anunciada pelo prefeito Sebastião Melo. Para Leite, é um "caminho importante" porque "o volume de investimentos em melhorias (do serviço e saneamento básico) não é capaz de ser atendido por empresas públicas".
Leite disse que não há prazo para a implantação, pela polícia militar, de câmeras corporais pelos PMs, projeto anunciado ainda no ano passado em resposta aos casos de abuso de autoridade registrados no Rio Grande do Sul. Essas tecnologias ainda estão em teste, de acordo com o governo.
O tucano anunciou, também, a reforma do Centro Administrativo Fernando Ferrari, prédio de arquitetura peculiar com 21 andares, que fica no centro de Porto Alegre, ao custo de R$ 12 milhões.
Leite disse que a primeira gestão focou em equilíbrio fiscal, o que levou o governo a acabar com atraso de salários. Agora, no segundo mandato, ele espera "entregar melhores resultados".