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Estudo mostra que não há negras pilotando em companhias aéreas do país

Levantamento inédito revela assédio e aponta que entre os homens, os brancos ocupam 98% das vagas

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Estudo mostra que não há negras pilotando em companhias aéreas do país
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Não há mulheres negras que trabalhem como piloto nas companhias aéreas brasileiras. A constatação está em uma pesquisa feita em conjunto entre a Organização Quilombo Aéreo e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O levantamento mostra ainda que além da questão étnica, a situação de gênero também é desigual neste mercado. Até o ano passado havia 3.283 pilotos formadas, mas apenas 992, atuam na área, representando 2,3% dos trabalhadores na função.

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Os pesquisadores entrevistaram trabalhadoras e ex-trabalhadoras negras do setor e constatou que elas estão aptas, mas fora do mercado por escolha das companhias e que há cinco barreiras para que as mulheres negras tenham acesso ao setor da aviação civil nacional: custo da formação profissional, falta de informações sobre a carreira e de representatividade de outras mulheres negras, processos seletivos desiguais e não aceitação dos corpos negros.

Para quem consegue entrar, ainda existem sete barreiras para permanecer no mercado, segundo o estudo: falta de representatividade, nível de cobrança, negação do corpo negro, não aceitação do cabelo crespo, saúde mental/laboral, machismo e assédio.

O estudo mostrou ainda que as mais de 97% das vagas ocupadas por pilotos homens são preenchidas primordialmente por brancos. Apenas 2% são negros. Entre comissários de bordo a situação muda pouco. Apenas 5% são pessoas negras e cerca de 66% são mulheres.

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"Já sabíamos aproximadamente desses dados. O registro científico desses números foi uma constatação. Então, para as pesquisadoras do Quilombo Aéreo não foi nenhuma surpresa, mas é uma surpresa para sociedade e, também, para as companhias aéreas, que não olhavam para esses números até um ano atrás", disse a comissária de bordo e pesquisadora Laiara Amorim.

Ela é idealizadora do Quilombo Aéreo. O coletivo foi criado em 2018 por duas mulheres negras, Laiara e Kenia Aquino, a partir dos projetos "Voe Como Uma Garota Negra" e "Voo Negro". O objetivo é dar visibilidade a profissionais negros da aviação civil, pesquisas acadêmicas inéditas no setor, empregabilidade e saúde mental desses tripulantes. 

Assédio 

O levantamento também apontou o grau de assédio sexual, moral e psicológico sofrido pelas profissionais negras, praticado tanto pelos colegas de trabalho como por clientes das companhias aéreas. Ele seria praticado de várias formas, como, por exemplo, por meio do questionamento da mulher estar naquele lugar.

"Uma das profissionais ouviu de uma pilota que ela parecia uma passista de escola de samba. Em outros casos, homens já perguntaram quanto a tripulante ganhava de salário e se ofereciam para pagar mais", relatou Gabriela Santos, uma das pesquisadoras do estudo.

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