Como combater desinformação quando a verdade não importa?
Instituto oferece curso gratuito para professores; inscrições vão até 12 março
SBT News
O ambiente de informação no país melhorou, mas a dificuldade da população em identificar o que é fake news ainda é muito grande. A constatação é da presidente do Instituto Palavra Aberta, Patricia Blanco, que está à frente de um programa de educação midiática para combater fake news. O curso Educamídia para treinar professores é gratuito e está com inscrições abertas até este domingo (12.março).
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"A gente tem uma melhoria no ambiente informacional, de como as pessoas acompanham e estão sabendo interpretar o conteúdo, mas ainda é uma melhoria pequena", avaliou. Ela também ressalta que um desafio enorme é levar informação correta para pessoas que têm as próprias verdades. Como combater desinformação quando a verdade não importa?", indaga.
Os últimos levantamentos sobre identificação de notícias falsas apontam que a maioria dos brasileiros não sabe diferenciar o conteúdo falso do verdadeiro.
60% das pessoas ouvidas pelo Instituto Datafolha em setembro de 2022, por exemplo, admitiram que as notícias falsas poderiam influenciar no resultado das eleições. E dados do estudo Iceberg digital, desenvolvido pela Kaspersky, no ano passado, mostraram que 62% dos brasileiros ouvidos não conseguem reconhecer uma fake news e 42% ocasionalmente questionam o que leem na internet.
Patricia Blanco confirma que os dados seguem atuais e denotam que não podemos acreditar em tudo que recebemos pelo Whatsapp.
Pare e respire antes de compartilhar
O Instituto Palavra Aberta, que atua em parceria com órgãos de imprensa para combater a desinformação, alerta que a primeira dica é: leia o conteúdo completo, se aquilo te causou uma reação de surpresa, pare. Patricia Blanco orienta fazer a checagem, observar se tem outras pessoas falando sobre aquilo, pesquisar em órgãos e veículos oficiais.
"Antes de compartilhar, pare, respire e aí sim você distribui. É o epa, peraí, o que? Epa! Recebi uma informação. Peraí, deixa eu checar. O que será que é isso? A partir daí você vai ter um entendimento melhor do que é aquela informação". "Pode ter certeza toda informação que a gente recebe quer causar, quer fazer com que a gente tenha uma ação. E a ação que a desinformação quer fazer que a gente é justamente passar adiante e passar isso pra frente", completa.
Sofisticação
O Instituto Palavra Aberta ainda chama atenção para a sofisticação da indústria da desinformação, que vem desafiando as autoridades e confundindo ainda mais a população.
"Realmente é algo impressionante, você vê muitas vezes veículos de informações sendo utilizados, né, aquela testeira que identifica o veículo e há também uma sofisticação na narrativa. Então aquela informação ela começa com um núcleo de verdade, com algo que foi verdadeiro, mas a construção narrativa em torno da informação te pega, te captura, principalmente se você tem alguma crença parecida com aquilo que aquela informação quer te puxar", alerta.
Para formar, informar e orientar sobre a desinformação e a educação midiática, o EducaMídia promove um curso de formação para professores que lidam com crianças, jovens, adolescentes e idosos. O curso é gratuito e as inscrições podem ser feitas até o próximo domingo, dia 12 de março, no site: educamidia.org.br
"Educação midiática é ensinar a criança o adolescente ou qualquer um de nós, a acessar, a verificar a fonte, a verificar a autoria, a saber identificar um conteúdo corretamente, mas é também educar para a produção de conteúdo", aconselha.
Assista à íntegra da entrevista: