Carnaval em SP: conheça os enredos de Gaviões, Império, Tucuruvi e Tom Maior
Tambores, ritmos afromusicais e homenagem a Bezerra da Silva vão fazer parte dos desfiles no Anhembi
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Tem escola pelos lados de São Paulo dizendo que quando tudo passar, vai ter procissão. Outra, condenando os "dedos de seta" e "canalhas que a pátria pariu" sob as bênçãos da nata de um dos maiores - se não, o maior - bom malandro que já cantarolou por aqui. Tudo isso embalado pelo "laialaiá" lá do fim do mundo.
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No ano em que as escolas de samba dos grupos principais retornam ao feriado de Carnaval, a partir da 6ª feira de 17 de fevereiro, é irresistível relacionar o que as agremiações trarão à avenida com o momento político, econômico, social e cultural do país.
Como festa popular, que resiste em quadras e terreiros, é impossível excluir o componente sociopolítico da festa, quando essa retirada resulta em uma tentativa de camuflar as mensagens sob o mantra da euforia, confete e serpentina. Não à toa, as agremiações são geralmente sociedades ou grêmios recreativos, sociais e culturais. Sempre escolas.
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Tolerância e respeito entre as crenças
A procissão que narrada no início desta reportagem será guiada pela Gaviões. A alvinegra vai desfilar com enredo contundente sobre a intolerância religiosa e o congraçamento entre as crenças.
Tema oportuno quando 2022 observou um aumento de impressionantes 456% no número de casos de intolerância religiosa, com mais de 4,2 mil registros na central de denúncias da Safernet em parceria com o Ministério Público Federal.
A religião também será enredo na Tom Maior. Quarta colocada no desfile de 2022, a vermelho e amarela vai falar das várias mães pretas ancestrais, desde as iabás - orixás femininas que geram a vida - às outras matriarcas de pele preta de outras religiões, como a católica Nossa Senhora Aparecida e Sara Kali, padroeira dos ciganos.
Batuques de África e de Bezerra da Silva
Já a Acadêmicos do Tucuruvi, da zona norte paulistana, vai homenagear Bezerra da Silva sem ser um enredo biográfico ou linear com a história do artista.
Há, aqui, aquela que talvez seja a mais direta crítica política feita no carnaval de São Paulo nos últimos anos - as escolas paulistas são pouco afeitas a esse tipo de situação, geralmente indiferentes em muitos casos. Para bom entendedor, pingo é letra:
"E o samba é na lata da nata que fere o Brasil
Tem gente de terno e gravata matando mais que fuzil
Um monte de dedos de seta, canalhas que a pátria pariu"
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Se o canto e a dança são a tônica de qualquer desfile, os tambores, surdos e tamborins que embalam as escolas e outros ritmos vão encontrar no Império de Casa Verde a celebração dos vários estilos musicais que têm como berço a África e a ancestralidade.
A escola fará uma viagem musical contada por uma mulher contadora de histórias, uma griot, que aportou no Brasil com milhões de pretos e pretas escravizados, encontrando nos ritmos uma forma de se conectar aqueles que ficaram em África. O samba também pede passagem para jongo, caxambu, umbigada, maracatu, reggae, charme, funk e axé. Ao final, reverencia a voz do milênio, o "laialaiá" da mulher do fim do mundo: Elza Soares.
Na próxima reportagem sobre os enredos do Carnaval de São Paulo, a excelência do povo preto na Mocidade Alegre e Rosas de Ouro, os indígenas Guaicurus da Barroca Zona Sul, a "invasão" da Independente Tricolor e a estreia da Estrela do Terceiro Milênio na elite.
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