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Calendário escolar do Amazonas acompanha volume dos rios

Crianças ribeirinhas só têm aulas durante períodos de cheia, quando lanchas escolares conseguem se aproximar

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O vai e vem das águas dita o calendário escolar nas comunidades ribeirinhas do Amazonas. Enquanto, na capital, as aulas começam em janeiro e vão até dezembro, na zona rural, terminam em outubro.

O ano letivo é intenso, sem sábados, nem férias. É preciso aproveitar o período de cheia dos rios, quando os barcos conseguem chegar mais perto das casas.

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"Eu acordo às 4 horas da manhã, tomo meu banho, tomo meu café, e venho ansiosa pegar o barco para ir para escola", conta Kemely Ribeiro, de 10 anos.

Porém, sem sempre as viagens são tão tranquilas. "Tempo de chuva fica difícil de navegar. Mas, na graça do senhor, e a responsabilidade também, a gente vai devagarzinho, mas chega", afirma o condutor de lancha escolar, Francenildo Oliveira.

Quando as águas começam a baixar, vêm as dificuldades. Os 3 netos de Dona Raimunda demoram mais para chegar à lancha. "Eles andam em torno de 3 km. Até chegar para pegar a lancha, é lama, é complicado. E, para chegar na escola, quando eles deixam a lancha, é quase uma hora andando", relata a dona de casa.

Para os educadores que atuam em áreas ribeirinhas do Amazonas, o desafio vai muito além das salas de aula. Eles percorrem quilômetros até chegar às comunidades, onde identificam as crianças em idade escolar. Com esse trabalho, eles também conseguem conter a evasão, em regiões isoladas e com inúmeros casos de malária.

Só no ano passado, o Amazonas registrou mais de 50 mil casos da doença. Os filhos da Luzia fazem parte desta estatística. "Ele pegaram malária mais de 6 vezes. E, às vezes, é difícil para levar para o colégio", lembra a dona de casa Luzia Nascimento.

"Nós fazemos um trabalho de visita com eles, trazendo as atividades que eles possam fazer para eles, não ficarem tão ociosos e, quando retornam à escola presencial, eles consigam acompanhar os conteúdos", afirma a gestora escolar Irley Godim.

Para os professores, o desafio maior é manter vivos os sonhos das crianças, por meio da educação. "Mesmo doente, eu estou aqui, trabalhando, para dar o meu melhor para as minhas crianças, porque, daqui, eu creio e acredito que é o futuro. Porque, o dia que eu deixar de acreditar mesmo, eu paro", pondera a professora Erenildes da Silva.

"E, todos os dias, nós não só ensinamos, como também aprendemos, cada vez mais, com eles, a sonhar", acrescenta a gestora escolar.

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