Um mês após a posse, Lula ainda não se mudou para Palácio da Alvorada
Presidente e primeira-dama alegam ter encontrado residência oficial destruída e aguardam conclusão de reforma
Débora Bergamasco
Há mais de 30 dias, o presidente da República mora em um hotel, no centro de Brasília. O 19º andar é todo reservado para Lula e, o 18º, é ocupado totalmente pela segurança. Do 17º para baixo, o hotel é libre para qualquer hóspede, inclusive, para manifestantes apoiadores de Jair Bolsonaro, que se hospedaram ali nos dias próximos dos atos golpistas do início de janeiro. Essa exposição dá trabalho extra para a equipe de segurança.
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Vira e mexe, Lula se queixa de não ter onde morar. Ele deveria estar morando no Palácio da Alvorada, que é a residência oficial da Presidência da República. Mas então, por que Lula não se mudou para o local?
É que, dias antes de tomar posse, Lula e a primeira-dama, Janja da Silva, visitaram o Alvorada e não gostaram do que viram. Infiltrações nas paredes, ferrugem na pia, no fogão. Pichações em portas, mobiliários deteriorados. Decidiram, então, restaurar o Palácio, antes de se mudar.
Para a especialista em conservação do Patrimônio Cultural, Flaviana Barreto Lima, a decisão foi acertada. "Ele compõe um conjunto de obras que foram tombadas por Niemeyer na cidade, também de altíssima significância cultura, de altíssimos valores atribuídos, e toda intervenção precisa ser acompanhada. A postura de não morar antes é assertiva, porque, se você deixa um patrimônio de mais de 60 anos com alguns danos, o risco é piorar", diz a especialista.
O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Leandro Grass, explica que, por se tratar de um imóvel tombado, não seria possível fazer improvisações para que a família presidencial entrasse no prédio antes de concluídas as obras.
"Qualquer estrutura fixa, qualquer estrutura permanente, que descaracterize este conjunto, é proibida de certa forma, não pode ser feito. Creio que isso também não seja a intenção do próprio presidente. O que ele e Jana pretendem, certamente, é dar as condições adequadas para esta ocupação. Isso passa por alguns reparos, reformas, em especial, devido à negligência, devido ao descuido que os antigos ocupantes do Palácio promoveram", conclui o presidente do Iphan.
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