Os riscos da transferência de líder do PCC para Brasília; entenda
Ao SBT news, delegado especializado no combate ao crime organizado comenta ida de Marcola ao DF

Bruna Yamaguti
A transferência de Marco Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, para a penitenciária federal de Brasília, pode trazer riscos à capital federal. Ele é apontado como um dos líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
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O delegado da Polícia Civil Fernando Cesar Costa, especializado no combate ao crime organizado, explica que, a ida do líder de uma facção para determinado local implica, também, na ida do poder econômico da organização para os arredores. Tal possibilidade ameaça a segurança de Brasília, uma vez que a cidade é sede dos Três Poderes da República.
"Quando você traz a liderança, você traz pessoas vinculadas a essa liderança para transitarem e até viverem no DF. E quando você traz integrantes dessa facção, você traz o poder econômico dessas facções para o DF, colocando Brasília sob o risco da ocorrência de vários crimes", disse, em entrevista ao programa Agenda do Poder, do SBT News, nesta 5ª feira (26.jan).
De acordo com o ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Flávio Dino, o motivo da mudança foi um suposto plano de fuga de Marcola, que acumula mais de 300 anos em condenações. Marcola estava na penitenciária de Rondônia desde março de 2022. Antes disso, ele já havia estado em Brasília, de onde foi removido a pedido do governado afastado Distrito Federal, Ibaneis Rocha.
Para Fernando Cesar, no entanto, uma nova movimentação do líder do PCC não tem justificativa plausível. "Não consigo visualizar algum fundamento que justifique isso. Até porque, hoje, nós vivemos um momento muito difícil para os órgãos de investigação e da Polícia Judiciária, porque perdemos o controle sobre diversos meios de investigação que antes nos propiciava antecipar os movimentos acintosos dessas organizações", explica.
"Antigamente, mediante autorização judicial e controle, conseguíamos adentrar no seio das comunicações entre os integrantes dessa organização. E hoje tudo é feito mediante aplicativos e sistemas que estão fora do alcance da polícia e dos órgãos de investigação", afirma Cesar.
O delegado ressalta ainda que, independentemente de onde Marcola esteja, é necessário um controle rigoroso, sobretudo sobre os visitantes do presídio. "E hoje nós sabemos, por exemplo, que existe uma dificuldade para admissão de revistas íntimas no interior do presídio", diz.
Ele lembra que, quando atuou como vice-diretor de presídio no Distrito Federal, e após ter feito atividades repressivas contra várias organizações criminosas do Rio de Janeiro e de São Paulo que foram para o DF praticar roubos a banco, todo controle era feito mediante revistas íntimas de todos os visitantes.
"E com isso, nós conseguimos manter o Distrito Federal ileso, sem as ações das organizações criminosas. Eu não sei se hoje, com um quadro que nós temos de restrições à ação policial, será possível fazer isso com especificamente o líder do PCC, o Marcola", afirma.
Assista à entrevista na íntegra: