Relógio dado a Dom João VI está entre itens destruídos por golpistas
Escultura de Victor Brecheret foi arrancada do pedestal e deixada no chão da Câmara
Victoria Nogueira Rosa
Os ataques golpistas registrados no domingo (08.jan), em Brasília, também tiveram como alvo as obras de arte, nacionais e estrangeiras, e objetos raros que compõem a decoração do Congresso Nacional, bem como do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto.
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Congresso
Na Câmara dos Deputados, os danos foram no vitral "Araguaia", produzido com vidro temperado e jatos de areia pela artista franco-brasileira Marianne Perretti. A obra, de 1977, concebida a partir do projeto de decoração do Salão Verde, simula o movimento de figuras geométricas postas sobre o vidro e que, por sua vez, remetem ao curso de um rio.
Já a escultura "Bailarina", do ítalo-brasileiro Victor Brecheret, foi arrancada do pedestal e deixada no chão da Câmara. Uma réplica da Constituição de 1988 foi levada pelos golpistas.
Supremo Tribunal Federal
No Supremo Tribunal Federal, o alvo foi o brasão da República. Fixado no local, a peça foi arrancada pelos golpistas, tal como as cadeiras dos ministros, incluindo a de Rosa Weber, projetada pelo designer Jorge Zalszupin. Ainda no STF, a escultura "A Justiça" (1961), de Alfredo Ceschiatti, foi pichada pelos vândalos com a frase "perdeu, mané".
Palácio do Planalto
A tela "As Mulatas", do pintor modernista Di Cavalcanti, também foi danificada. Datada de 1962, a obra, perfurada pelos criminosos, foi feita sob medida pelo artista carioca para compor o Palácio do Planalto. Um retrato de José Bonifácio de Andrada e Silva, considerado patriarca da Independência brasileira, se junta ao acervo avariado. A autoria do quadro é desconhecida.
Somado aos objetos destruídos, está um relógio do século XVIII, dado de presente a Dom João VI pela corte do rei Luís XVI, da França. Nas redes sociais, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) comentou os danos encontrados na relíquia, fabricada pelo relojeiro francês Balthazar Martinot e trazida pela Família Real Portuguesa ao Brasil.
Acabei de chegar no Palácio do Planalto para receber o presidente @LulaOficial, o cenário é de caos! Obras de arte históricas foram destruídas, entre elas uma pintura de Di Cavalcanti e um relógio do Século XIX que foi dado de presente para D. João VI.
? Randolfe Rodrigues (@randolfeap) January 8, 202
Além das pinturas e do relógio, fotos de ex-presidentes da República, que eram expostas numa galeria dentro do edifício, foram arrancadas das paredes e, depois de serem rasgadas, foram jogadas no chão.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, se manifestou nas redes sociais após as depredações. Segundo a ativista e cantora baiana, "nunca a esquerda brasileira, mesmo nos tempos de trevas, danificaram, desrespeitaram ou destruíram os palácios que representam os três poderes".
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