Projeto que recupera celulares apreendidos em presídio pode virar lei
A iniciativa é do MP do Rio Grande do Sul e os aparelhos são encaminhados para alunos da rede pública
Luciane Kohlmann
Um projeto que recupera celulares apreendidos em presídios e entrega a alunos da rede pública pode virar lei nacional. A iniciativa é do Ministério Público do Rio Grande do Sul.
Mil e trezentos celulares já foram entregues a alunos por meio do projeto e a iniciativa que já foi premiada pelo Conselho Nacional do Ministério Público pode chegar a todo o país."Nós vivemos num país continental com muitas vulnerabilidades e o smartphone hoje não é mais uma opção, né? A pandemia mostrou para nós o abismo social, que se mostra muito na exclusão digital", explica o promotor de Justiça Fernando Alves.
Cerca de doze mil celulares são apreendidos em presídios gaúchos por ano. A meta é entregar às crianças duzentos aparelhos recuperados por semana. "Esses telefones não servem para nada. Eles vão pro lixo e nós percebemos essa necessidade das crianças sobre o telefone", diz Alves.
No Rio Grande do Sul, os aparelhos apreendidos em presídio, agora fazem parte do dia a dia desses alunos com dificuldades de aprendizado. "Muitas vezes eu não consigo entender na aula, aí eu procuro na internet sobre matemática, português, que são as matérias que eu tenho mais dificuldade", Maicon Gonçalves Fetzer, 13 anos.
O projeto Alquimia, surgiu há dois anos para ajudar a driblar a dificuldade de acesso às aulas online durante a pandemia. "Eles conseguem se organizar, conseguem guardar, conseguem pesquisar de forma adequada e transforma a vida deles né? Eles se sentem inclusos", diz a professora Elisabete Zorrer Segatto.
A iniciativa esbarrava na recuperação dos aparelhos -- um trabalho caro e técnico. Mas encontrou apoio em quatro universidades. A principal parceira é a Puc do Rio Grande do Sul. Mais de mil smartphones já foram restaurados a custo zero.
"É muito gratificante ver um celular que foi apreendido ser restaurado por nós e depois chegar nas mãos de uma criança e ver a felicidade, o sorriso dela recebendo aquilo ali", explica Anderson Terroso, coordenador do Projeto Alquimia da PUC-RS.