Angelo Venosa, um dos maiores escultores do Brasil, morre aos 68 anos
As obras do artista são conhecidas por misturarem materiais naturais com produtos industrializados
Guilherme Resck
Morreu nesta 2ª feira (17.out), aos 68 anos, o artista plástico Angelo Venosa, considerado um dos maiores escultores do Brasil. Trabalhou na área por quase 40 anos.
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Venosa nasceu em São Paulo, em 14 de agosto de 1954, e, em 1977, se graduou em desenho industrial pela Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) no Rio de Janeiro, para onde havia se mudado três anos antes. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a morte foi causada por esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Ele surgiu na cena artística brasileira no anos 80 e apresentou seu trabalho na Bienal de São Paulo (1987), Arte Brasileira do Século XX (1987, Musée d?Art Moderne de La Ville de Paris), Bienal de Veneza (1993), e Bienal do Mercosul (2005), entre outros eventos.
As obras de Venosa são conhecidas por misturarem materiais naturais com produtos industrializados. Segundo a Fundação Iberê Camargo, que lamentou a morte, em 1984, ele "passou a realizar obras tridimensionais". "As esculturas do início dos anos 1980 associam indistintamente materiais naturais e produtos industrializados. A partir do início dos anos 1990, o artista utiliza materiais como mármore, cera, chumbo e dentes de animais, realizando obras que lembram estruturas anatômicas, como vértebras e ossos. Suas esculturas e objetos carregam indícios que remetem a eras ancestrais, surpreendendo pela estranheza e pelo caráter inquietante", explica.
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Jardins), Museu de Arte Moderna de São Paulo (Jardim do Ibirapuera), Pinacoteca de São Paulo (Jardim da Luz), Praia de Copacabana/Leme, no Rio de Janeiro, Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, Parque José Ermírio de Moraes, em Curitiba, e o Museu do Açude no Rio de Janeiro contam com ao menos uma escultura de Venosa instalada para os visitantes contemplarem.
A ArtRio e a galeria Nara Roesler também se pronunciaram sobre o falecimento. "Nossos mais sinceros sentimentos à família e amigos do artista Angelo Venosa, um nome tão importante para a arte brasileira", escreveu a primeira no Facebook. Ainda na publica, prestou "eterna admiração por sua trajetória e legado". Já a segunda, em nota enviada ao SBT News, disse que o artista "será lembrado por sua obra única, orgânica, experimental, abrangente das formas e da existência". "Venosa deixa um legado inspirador para gerações de artistas brasileiros, com sua produção pioneira e antecipadora de questões fundamentais para arte e para a vida, tais como a capacidade geradora da matéria, a busca por dar forma àquilo que existe e ainda não tem nome, a relação conatural entre o interior e o exterior dos corpos e das formas, a potência do desenho além do desenho, a inteligência virtual e os usos experimentais das novas tecnologias para a arte, entre outros".
Ainda no comunicado, se solidarizou com os familiares, amigos e colegas de Venosa e falou sobre dois projetos que virão como homenagem a ele.
Confira na íntegra:
É com enorme pesar que anunciamos o falecimento de Angelo Venosa (1954 ? 2022).
Figura chave da chamada Geração 80, Angelo Venosa será lembrado por sua obra única, orgânica, experimental, abrangente das formas e da existência. Venosa deixa um legado inspirador para gerações de artistas brasileiros, com sua produção pioneira e antecipadora de questões fundamentais para arte e para a vida, tais como a capacidade geradora da matéria, a busca por dar forma àquilo que existe e ainda não tem nome, a relação conatural entre o interior e o exterior dos corpos e das formas, a potência do desenho além do desenho, a inteligência virtual e os usos experimentais das novas tecnologias para a arte, entre outros.
Pesquisador da tecnologia como um caminho para a ampliac?a?o do fazer manual e dos embates com a mate?ria, Angelo Venosa apresentou, em trabalhos expostos recentemente, elementos formais que parecem evocar a corporeidade dos trabalhos de 1980, diferenciando-se, contudo, pelo processo do trabalho e por estabelecerem novos diálogos entre escultura e espaço. Exemplos são mostras como Penumbra (2018), no Museu Vale do Rio Doce, em Vitória, a instalac?a?o Catilina, inaugurada no ano seguinte no Pac?o Imperial do Rio de Janeiro, bem como as obras do Projeto Clareira, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) em 2021.
A Nara Roesler teve a grande sorte de representar e acompanhar de perto o trabalho de Venosa durante mais de dez anos. Desde 2021, as equipes da galeria trabalham em dois projetos que deverão sair à luz pública no futuro próximo, infelizmente com caráter póstumo, mas também como homenagem ao artista inigualável: uma mostra dos seus mais recentes experimentos com desenho tecnologicamente assistidos e o lançamento de uma monografia definitiva de sua produção. Compartilhamos a dor incomensurável pela perda de um artista fundamental para o Brasil e transmitimos a nossa solidariedade aos familiares, amigos e colegas de Angelo Venosa.