A relação entre uso de agrotóxicos e problemas de saúde em agricultores
Alta em suicídios e procura por tratamentos oncológicos em cidades de MG chamam atenção de pesquisadora
Uma aluna de mestrado da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), da USP, pesquisaram os efeitos do uso de agrotóxicos por agricultores familiares nos municípios de Pimenta e Capitólio, em Minas Gerais.
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As cidades têm 8.715 e 8.693 habitantes, respectivamente, e altos índices de suicídios e procura por tratamentos oncológicos. Não há comprovação da relação com a prática agrícola, mas foi suficiente para chamar atenção da mestranda Nicole Blanco Bernardes.
Ela usou para comparação 80 trabalhadores atuantes na agricultura familiar, expostos diretamente aos agrotóxicos, e 60 usuários do Programa de Saúde da Família (PSF) que não estiveram expostos aos produtos químicos. A partir da medição de um indicador sanguíneo que demonstra intoxicação, além do levantamento de queixas dos participantes, os resultados sugerem uma relação entre a contaminação pelos e sintomas como dor de cabeça, irritação nos olhos, insônia e nervosismo.
Dentre os sintomas, 33,8% disseram ter dor de cabeça. Outros 21,3% queixaram-se de irritabilidade ou nervosismo. Pouco mais de 15% reclamaram de suor intenso.
Mais importante é o número de trabalhadores rurais que relataram já ter algum sintoma que seria comum pela intoxicação, 42,5% deles. Entretanto, 6,3% associaram os sintomas à intoxicação, indicando que há negligência com a própria saúde ou desconhecimento sobre os riscos.
No Brasil, desde 2013 existe o Protocolo de Avaliação das Intoxicações Crônicas por Agrotóxicos. Porém, foi pouco divulgado e, para a mestranda, por isso é subnotificado. Mesmo acontecendo, ela diz haver falta de instrumentos clínicos adequados para o diagnóstico.
"É difícil fazer um diagnóstico da situação, pois os órgãos fiscalizadores são um pouco precários e não temos uma notificação precisa do número de infecções. A maioria das intoxicações é crônica, de forma que os sintomas surgem depois de muito tempo de exposição, a não ser em casos de acidentes", relata.
A pesquisadora, então, aproveita para fazer o alerta sobre formas de prevenção, como os equipamentos de proteção individual (EPIs). Durante a pesquisa descobriu que 58% usam luvas, 55% utilizam máscaras e 26,3% os óculos de proteção e apenas 7,5% lavam as roupas imediata e separadamente após os trabalhos.
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