Presidente da Funai é gravado oferecendo apoio para investigado
Marcelo Xavier tranquilizou homem que é acusado de arrendar terras indígenas
André Anelli
O presidente da Funai, Marcelo Xavier, foi gravado oferecendo apoio a um acusado de arrendar terras indígenas, em Mato Grosso. Com autorização da Justiça, a conversa entre os dois foi interceptada pela Polícia Federal (PF) no início do ano e revelada nesta 5ª feira (25.ago).
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Jussielson Silva já está preso por crimes como peculato e associação criminosa. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), ele era um dos responsáveis por arrendar terras na reserva indígena Marãiwatsédé, no norte de Mato Grosso, onde pecuaristas criavam irregularmente cerca de 70 mil cabeças de gado.
Quando Jussielson percebeu que a PF se aproximava dele, conversou por telefone com o presidente da Funai, Marcelo Xavier, que garantiu apoio: "eu vou dar a ciência já do caso ao corregedor lá de Mato Grosso, ao corregedor nacional da Polícia Federal aqui e já vou acionar nossa corregedoria pra atuar nisso aqui. pode ficar tranquilo".
Logo em seguida, Jussielson agradece o apoio "porque a gente tá na ponta da lança. Se o senhor é meu apoio de fogo, o senhor me protegendo, eu fico mais feliz ainda".
A Polícia Federal considera que os áudios demonstram disposição do presidente da Funai de interferir nas investigações. A gravação da conversa entre Jussielson e Marcelo Xavier teria ocorrido em janeiro e faz parte de um inquérito encaminhado à Justiça Federal. O relatório integra a operação que desarticulou o suposto esquema de arrendamento da reserva indígena.
A operação foi deflagrada em março e também prendeu dois policiais militares acusados de participar da quadrilha. A PF ainda apreendeu armas e dinheiro que seria usado pra pagar propina a servidores da Funai de Mato Grosso e até ao cacique Damião Parindzané, em troca da permissão do uso ilegal da reserva.
Sobre o suposto envolvimento de Marcelo Xavier, a Funai declarou que as notícias são fantasiosas. A defesa de Jussielson Silva diz que ele nunca intermediou arrendamento de terras indígenas e que isso será provado no processo.
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