Morre, aos 87 anos, Major Curió, agente de repressão na Ditadura
Militar da reserva morreu nesta madrugada em Brasília por sepse e falência múltipla dos órgãos
SBT News
Morreu na madrugada desta 4ª feira (17. ago), aos 87 anos, o coronel da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, conhecido como Major Curió. Ele foi oficial do Centro de Informações do Exército (CIE) e agente do Serviço Nacional de Informações (SNI), e atuou contra grupos armados opositores à ditadura militar. Curió foi internado na noite de 2ª feira (15.ago) em um hospital particular de Brasília e morreu em decorrência de sepse (complicação de infecções) e falência múltipla dos órgãos.
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Nascido em São Sebastião do Paraíso (MG), em 15 de dezembro de 1934, concluiu o Curso de Formação de Oficiais do Exército, na Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), no Rio de Janeiro. Na década de 1970, Curió chefiou a Operação Sucuri, em que colocou homens infiltrados na região onde a Guerrilha do Araguaia atuou. Anos depois, na década de 1980, foi enviado para Serra Pelada, no sudeste do Pará, para comandar a exploração de ouro no local; 30 mil garimpeiros estavam envolvidos na atividade na área naquele momento. A atuação de Curió na região fez com que surgisse o município paraense de Curionópolis.
Ainda na década de 80, foi enviado pelo Exército para ser comandante da repressão a um acampamento de famílias sem terra na Encruzilhada Natalino, no Rio Grande do Sul, o que acabou fracassando. De 1983 a 1987, atuou como deputado federal pelo Pará, filiado ao antigo Partido Democrático Social (PDS). Já de 2001 a 2008, como integrante do MDB e, depois, do antigo Democratas (DEM), trabalhou como prefeito de Curionópolis.
Em 2009, Curió disse que o Exército executou 41 militantes da Guerrilha do Araguaia, sendo que 25 casos de execução eram conhecidos até então. Em 2011, ele foi preso por porte ilegal de armas, em uma operação de busca e apreensão de documentos da ditadura. Porém, um dia depois, foi liberado. Em agosto de 2012, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou o coronel por sequestros e mortes de cinco guerrilheiros no Araguaia. A denúncia foi acolhida pela Justiça Federal do Pará. Em 2020, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu Curió no Palácio do Planalto.