Academia de Pediatria recomenda que bebês não durmam mais na cama dos pais
Devido à desigualdade social no Brasil, nem todos os pais conseguem acomodar o bebê separadamente
Flávia Travassos
A Academia Brasileira de Pediatria recomenda que bebês de até 6 meses não durmam mais na cama dos pais. A prática pode causar sufocamento e até fraturas.
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Na casa da web designer Caroline Soler, mãe e filho vivem gradados. Até na hora de ir dormir, Carol e Nico, de 3 meses, são inseparáveis. "Eu sempre deixo ele aqui para cima da cama, para ficar o mais protegido possível e, como eu tenho o sono muito leve, sempre atenta para não sufocar, porque eu morro de medo", fala a mulher.
Caroline tem mesmo razão de ficar preocupada, tendo em vista a mais nova recomendação da Academia Americana de Pediatria, que é para que os bebês com até seis meses de vida dormirem no mesmo quarto que os pais, mas nunca na mesma cama, mesma orientação da Academia Brasileira de Pediatria.
"O risco grande é de sufocação, de esmagamento dos pais se estiverem num sono profundo, quando se virarem e se colocarem sobre a criança, além de não haver ali um colchão esticado, com lençóis bem esticados para que o bebê, por reflexo, não puxe para regiões da sua boca e não conseguir respirar adequadamente", fala Clóvis Constantino, presidente da entidade.
Foi o que aconteceu com a irmã mais velha do Nico. "Um dia estava muito cansada, coloquei ela no moisés com o cobertorzinho e acordei no meio da noite com ela sufocando com o cobertorzinho. Graças a Deus que eu acordei", diz Caroline Soler. Os acidentes que acontecem com maior frequência no uso da cama compartilhada: fraturas, sufocamento e, no caso de uma queda, até um traumatismo craniano, segundo os médicos.
Por causa da desigualdade social no Brasil, nem todos os pais conseguem acomodar o bebê separadamente. Muitas vezes, as crianças dormem na mesma cama que eles por falta de espaço. Mas, mesmo numa situação como essa, é possível prevenir os riscos. "Mesmo que num ambiente pequeno, possibilitando poucas opções de um berço por exemplo, adequarmos um pequeno berço mesmo que improvisado, mas com segurança no mesmo cômodo, mas não na mesma cama dos pais", explica Constantino.
É mais um cuidado que os pais devem ter entre tantos outros. "Porque pode acontecer em qualquer momento, no berço, no moisés, pode ser cinco minutos que você sai para fazer um xixizinho, mãe e pai não pode desgrudar um minuto, não tem como", pontua Carol.
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