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Brasil

Google cria endereços digitais para moradores de Paraisópolis (SP)

Plataforma tem objetivo de viabilizar entrega de aplicativos em endereços não registrados

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paraisópolis
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Milhões de brasileiros que vivem em favelas enfrentam dificuldades para receber compras feitas pela internet por causa do endereço, que fica fora da rota das empresas de logística. Em Paraisópolis, segunda maior comunidade de São Paulo, uma plataforma vai disponibilizar endereços digitais para 100 mil moradores para facilitar o acesso às entregas.

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Fazer uma compra pela internet e receber o produto em casa sempre foi um desafio para a auxiliar de escritório Laryssa da Silva. A casa dela fica em uma viela no coração de Paraisópolis, no entanto, o seu endereço sempre aparecia como "não encontrado". O projeto da Google, em parceria com a Americanas e a startup 'Favela Brasil Xpress, promete resolver esse problema.

"Têm em torno de uns 3 anos mais ou menos que eu comecei a comprar com frequência, mas eu tinha muita dificuldade com o endereço, colocava lá meu endereço e não dava, dava como endereço não encontrado.", conta Laryssa.

Isso acontece porque boa parte dos mais de 100 mil habitantes de Paraisópolis mora ou trabalha em imóveis que oficialmente não tem o endereço registrado. A plataforma 'Plus codes' desenvolvida pela Google criou um sistema que vai usar a geolocalização, para, literalmente, por no mapa cada imóvel da favela, explica Newton Neto, diretor de parcerias da Google." O Plus Codes, ele tem uma tecnologia específica que identifica latitude e longitude de um determinado ponto, ele não substitui um cep, ele é um endereço digital." 

Todas as ruas e vielas da comunidade serão mapeadas. As casas e os pontos comerciais vão ganhar um código numérico que funcionará como coordenada para a localização via GPS. A etapa inicial vai contemplar quatro mil imóveis, que começaram a receber as placas com os códigos nesta 5ªfeira (5.mai). " A partir desse código alfanumérico é possível identificar um ponto no google maps, na busca do google, o que permite que essa pessoa tenha uma presença num mapa digital.", conta Neto. O diretor da Google também reforça que o principal motor do projeto é incluir as pessoas."Existem bilhões, 2 bilhões de pessoas no mundo que não tem endereço. É difícil imaginar nos dias de hoje que as pessoas não têm endereço, e realmente a gente quer levar e universalizar o acesso a endereço porque é uma maneira importante de incluir as pessoas." 

Segundo Giva Pereira, CEO da Favela Brasil Xpress, startup que mantém um centro de triagem e distribuição dentro da favela de Paraisópolis desde de 2019, com o novo sistema de localização, rotas de distribuição que hoje são organizadas manualmente, serão mapeadas e definidas automaticamente, o que deve diminuir o tempo de entrega das mercadorias em média, 60%, o que vai aumentar o volume distribuído e gerar novas oportunidades a moradores da favela." Vai gerar mais oportunidade pros moradores e aproximar as favelas desse mundo digital que tá crescendo hoje." 

Entre 2019 e 2021, o faturamento das empresas do e-commerce saltou de R$90 bilhões, para mais de R$150 bilhões, segundo Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). O número de compradores também cresceu no período, de 68 milhões antes da pandemia (2019) para quase 80 milhões no ano passado. Segundo Rodrigo Bandeira, vice-presidente da ABComm, o Brasil é um país de grandes distâncias e, por conta disso, tem áreas não tão acessíveis. "Por serem também áreas mais distantes possuem uma baixa oferta de produtos e serviços no local. Muitas vezes essas pessoas recorrem à internet, não somente por conta da praticidade e busca por preços mais competitivos e melhores, mas também para ter de fato acesso aos produtos. Hoje, o Brasil é bem servido pelo transporte logístico e tem também empresas em comunidades que recebem grande volume de produtos e depois realizam a distribuição para esses consumidores de vielas, becos, ruas de difícil acesso", comenta.
Segundo o IBGE, cerca de 17 milhões de brasileiro, 8% da população, vivem em favelas e 15%, aproximadamente 31 milhões de pessoas, em zonas rurais, áreas onde problemas com endereço não são raros.

O comércio eletrônico vê todo esse contingente como consumidores, e com o novo sistema será mais fácil encontrá-lo, pontua Bruna Sabóia, gerente de sustentabilidade da Americanas S.A. "É uma parcela da população ainda muito invisibilizada, então quando a gente faz essa parceria com o Google de localizar aonde ele estiver, a gente consegue entregar e, de fato, incluir esse cliente no mapa do ecommerce, que até então ele não recebia esse pacote."

Com a casa mapeada, Laryssa já se sente incluída."Agora eu posso receber na minha casa, recebo a qualquer hora, vem na minha casa e entrega, coloco o endereço lá dá certinho o número, a casa, viela... atravessa tudo direitinho e chega na minha porta com tranquilidade.".

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