Menor oferta de fertilizantes pode gerar crise global de alimentos
Guerra na Ucrânia gera desequilíbrio na oferta do produto e pode afetar a alimentação global
SBT Brasil
No rol de prejuízos provocados pela guerra também está a ameaça de uma crise global de alimentos. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), o desequilíbrio na oferta de fertilizantes, por causa do conflito, pode impactar a produção agrícola e aumentar o número de pessoas que passam fome.
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Aplicados na terra, eles oferecem às plantas nutrientes que o solo não tem. Sem os fertilizantes, produzir em larga escala é inviável. "Se a planta não receber esse ingrediente, não tem desenvolvimento, não tem produção", afirma o produtor rural Josemir Barbosa de Moraes.
A guerra na ucrânia afetou diretamente o comércio internacional desses insumos. aS sanções movidas contra a Rússia -- um dos maiores produtores globais -- impedem que o país venda fertilizantes para antigos parceiros.
Os efeitos dessa escassez mundial de fertilizantes começam a ser sentidos no Brasil. No chamado cinturão verde de São Paulo, região onde é produzida boa parte das hortaliças vendidas na maior metrópole do país, os agricultores já estão pagando mais pelos insumos e dizem que essa conta será dividida com o consumidor.
Seu Josemir produz alface, beterraba, cebolinha. Ele conta que no início do ano pagava R$ 200 em um saco de 50 de fertilizante, que agora sai por quase R$ 350.
"Quando há um aumento acessível, a gente até fica com esse prejuízo, hoje ninguém consegue mais. Da maneira que está ocorrendo, creio eu que é o prazo de 30 dias para o consumidor sentir no bolso o peso do aumento dos fertilizantes", diz o produtor rural.
Outros produtores estudam moderar o uso do produto, o que deve implicar em colheitas menores. Essde desequilíbrio que preocupa a FAP, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Segundo Julio Berdegué, representante da entidade na América Latina, a falta de fertilizantes pode diminuir a produção e aumentar a inflação dos alimentos na região. Ele sugere que os países se unam para que a guerra não agrave ainda mais a fome e a desnutrição.
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