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Casos de suicídio entre policiais militares dobram em cinco anos

Entre 2020 e 2021, cerca de 900 PMs pediram desligamento ou se afastaram da corporação

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Os casos de suicídio mais do que dobraram nos últimos cinco anos na Polícia Militar de São Paulo. Entre 2020 e 2021, cerca de 900 PMs pediram desligamento ou se afastaram da corporação.

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Há pouco mais de cinco anos, o então soldado Marcondes, com apenas 26 anos, desistia do sonho de ser policial militar: "Eu sofri uma grande pressão psicológica e pra não fazer uma grande besteira com a minha vida, eu resolvi sair da PM", afirma Vitor Bruno Marcondes da Silva.

A decisão do agora ex-policial não é um caso isolado. A PM paulista sofre, atualmente, uma debandada histórica de policiais. Em 2020, 367 policiais pediram para sair. Em 2021, esse número saltou para 502. Os pedidos de licença seguiram a mesma tendência: foram 250 em 2020 e 401 no ano seguinte. Somados, só no ano passado, a PM perdeu 903, ou seja, mais do que um batalhão inteiro, que pode chegar a 800 militares.

Baixos salários, excessos de normas militares e falta de apoio são as principais reclamações. "Parar de apontar o dedo para os policiais e começar a apoiá-los em suas ocorrências, em situações disciplinares, em que são totalmente bestas e mínimas, e prestar mais auxílio, mais apoio psicológico", pede Vitor Marcondes.

Um outro sinal do momento delicado da PM paulista é o número de suicídios de policiais, que se mantém em um patamar considerado elevado por especialistas, e com uma preocupante tendência de alta. Em 2016, 15 policiais se mataram. Cinco anos depois, em 2021, foram 34.

"Muitos policiais desenvolvem um transtorno de ?stress? pós-traumático, isso deixa eles muito mais vulneráveis a desenvolver depressão, ansiedade e o suicídio. Se está tendo consequências e as consequências estão sendo trágicas, eu vou dizer que é sinal de saúde pedir pra sair", afirma a psiquiatra Alexandrina Maria Augusto da Silva Meleiro.

Paulo Roberto Cabral Guimarães sentiu na pele. O pai dele era cabo da PM. No auge de uma crise pessoal, com inúmeros empréstimos no banco, ele assassinou a mulher - madrasta do rapaz - e se matou em seguida: "foi o momento mais difícil da minha vida, eu me privei de algumas coisas pra tentar orientar meus irmãos, ajudar minha irmã que também era muito apegada no meu pai. Eu acho que ele não teve momentos para desfrutar coisas boas, não sei te dizer exatamente o que levou ele a fazer isso".

A presidente da ONG AFAPM, que oferece apoio a PMs e seus familiares, conta que o panorama de suicídios e baixas na corporação é grave. Pra ela, o estado trata o policial como um número, com prazo de validade.

"O policial ele é tratado como algo descartável e como uma máquina. O policial tem uma síndrome do super-homem ou de super mulher, ele se torna refém da sua própria situação, ele não fala, ele não aborda esse assunto com ninguém", afirma Renata Marcondes da Silva.

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