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Buscas por sobreviventes de tragédia em SP já duram mais de 60 horas

Local de deslizamento em Franco da Rocha era instável e o poder público sabia

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Profissionais buscam por sobreviventes em Franco da Rocha (Reprodução/SBT Brasil)
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As buscas por sobreviventes da tragédia provocada pela chuva em Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo, já duram mais de 60 horas. Dez pessoas estão desaparecidas na área de encosta que cedeu, no fim de semana.

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Com o solo encharcado e a instabilidade dos escombros, as buscas precisaram ser interrompidas, por cerca de quatro horas, ao longo desta 3ª feira (1º.fev). Enquanto a chuva insistia em cair sobre Franco da Rocha, amigos e familiares se despediam de quatro vítimas da tragédia: Diego e Anderson da Costa, Cleber Bonfim e Vinicius Pina. Eram primos da gerente de vendas Onara Dimitriadis. Outros três parecentes dela ainda estão desaparecidos.

Dez pessoas da família moravam em três casas, na área onde a encosta cedeu. "A gente se sente um pouco culpada porque... por que a gente não fez antes, não olhou antes, se preocupou antes?", fala Dimitriadis. Ela diz se sentir "despedaçada". "Acho que ninguém espera uma tragédia dessa", completou.

Mas o local era instável e o poder público sabia disso. Pelo menos desde abril de 2020, quando o Instituto Geológico de São Paulo, após analisar a área, concluiu que o terreno onde havia 47 casas e 188 moradores tinha grau de risco alto e perigo muito alto para deslizamentos. As avaliações estão no relatório da empresa contratada pelo Instituto para fazer o levantamento da área.

Mas o município se baseia em outro estudo, feito pela Universidade Federal do ABC (UFABC), que classifica a região como de risco médio. "Se fosse risco 4, a gente teria que estar fazendo a ação imediata", afirmou o secretário municipal de Infraestrutura e Habitação, Eduardo Martins. Ainda de acordo com ele, "o risco 2 é um risco médio, de atenção e de monitoramento".

O prefeito da cidade, Nivaldo da Silva Santos, alega que ações mais amplas dependem de investimento. "Esse investimento, repito, tem que vir do governo estadual e federal unido com os municípios para que a gente possa reduzir o risco de novos acidentes", pontuou.

Dados confirmados pela Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente (Sima/SP) revelam que, em 2021, o governo paulista investiu, em obras contra enchentes, menos da metade da verba aprovada pela Assembleia Legislativa (Alesp). O governo afirmou que, desde 2019, cerca de R$ 800 milhões foram aplicados em ações de combate às enchentes e que está construindo dois novos piscinões em Franco da Rocha. Nesta 3ª feira (1º.fev), o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobrevoou algumas das regiões atingidas, acompanhado de seis ministros.

Ele lamentou as mortes e falou sobre a construção de casas em áreas de risco: "em muitas áreas onde foram construídas residências faltou, obviamente, alguma visão, por parte de quem construiu, de futuro". O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, anunciou ajuda federal aos municípios da região. "Estaremos aqui, nos próximos 15 dias, conversando com as prefeituras locais a respeito de linhas de financiamento e de formas de trabalharmos em conjunto com obras estruturantes de maior vulto", afirmou.

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