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Brasil

Elza Soares: uma voz contra a violência e o machismo

Cantora trouxe na música os movimentos feminista e negro e deixa um legado de gerações

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Elza Soares
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A cantora Elza Soares, que levantou por diversas vezes a voz contra o racismo, a violência e o machismo, deixou um legado nos movimentos feminista e negro do país. Nos últimos shows que deu, a cantora levava a plateia a bradar pelos direitos das mulheres através de trechos de músicas marcantes, inspirada na própria história.

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Maria da Vila Matilde, faixa do premiado disco A mulher do fim do mundo, por exemplo, pode ser interpretada como uma referência às agressões vividas por ela durante o casamento com Garrincha, que morreu também em um dia 20 de janeiro, há quase 40 anos. O jogador do Botafogo e a cantora estiveram juntos por 16 anos. Um período também marcado pela violência doméstica contra Elza.

Com os versos "Cadê meu celular? Eu vou ligar pro 180, vou entregar teu nome", a cantora destacava o número da central de chamada para a violência contra a mulher. A canção também mostrava ações de empoderamento para incentivar o enfrentamento contra os golpes recebidos e era certeira ao dizer: "Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim".

Nos shows, Elza também se posicionava. Muitas vezes sobre o racismo. Em versos diretos de A carne, a cantora explicitava nos versos: "A carne mais barata do mercado é a carne negra". Além de apresentar as violências passadas por negros no país.

Em 2019 uma entrevista ao Lineup, após um show no festival Forró da Lua Cheia, em São Paulo, a cantora enfatizou que o Brasil é o país mais racista do mundo.

"Um país mestiço, um país de mistura, um país maravilhoso, mas é tão preconceituoso", disse à época. Um ano depois, o posicionamento foi bradado em uma música com o rapper Flávio Renegado. "Nunca foi fácil. Nunca será. Para o povo preto. Do preconceito se libertar. Sempre foi luta. Sempre foi porrada. Contra o racismo estrutural. Barra pesada", diz o trecho de Negão Negra.

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