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Brasil

No enredo da realização dos desfiles em SP, um samba de ansiedade

Variante, vacinas, debates e "tribunal da internet" desfilam na passarela enquanto escolas aguardam definição

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Sambódromo do anhembi no contra-luz do sol
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Faltando pouco mais de dois meses para o possível desfile das escolas de samba de São Paulo no sambódromo do Anhembi, de 25 de fevereiro a 5 de março de 2022, uma dúvida paira sobre as cabeças dos milhares de sambistas da capital paulista. Afinal, os desfiles serão realizados em um contexto de pandemia de coronavírus? Se autorizados, como serão? Se adiados, qual é o plano B (ou C, ou D...)?

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Por decreto, São Paulo está autorizada a preparar o próximo carnaval desde setembro, por meio de medidas administrativas, como organização e outros detalhes da festa. No entanto, o decreto especifica que o evento está condicionado "à verificação, no correspondente período, das condições epidemiológicas relativas à pandemia do covid-19". 

Ou seja: a folia está garantida apenas se os índices de casos e mortes estiverem baixos, ainda que até a metade de dezembro 78% da população adulta do estado esteja com o ciclo vacinal de duas doses completo; são 95% da população maior de 12 anos na capital.

"Racionalidade" e "elitismo": debate sobre realização gera discussões 

Diante da descoberta da variante Ômicron, o alerta acendeu e a sirene que dá a largada aos desfiles está na expectativa para tocar, ainda mais ansiosa. A tradicional virada de ano na Avenida Paulista foi cancelada, levantando o temor de quem trabalha e consome carnaval o ano inteiro, além do debate, muitas vezes raso, da realização do evento na atual situação pandêmica. 

No início de dezembro, a Liga das Escolas de Samba promoveu o lançamento do CD com os sambas de enredo das 34 agremiações das três divisões do carnaval paulista, na Fábrica do Samba. Como qualquer grande evento permitido pela prefeitura no início de novembro, a aglomeração -- palavra tão surrada nesses tempos e tão intrínseca à folia -- foi inevitável. 

Na ocasião, o slogan "carnaval da vida" foi repetido diversas vezes, na esteira de um manifesto publicado pela entidade na semana anterior ao evento. No texto, a organizadora dos desfiles afirma que "a discussão sobre realizá-lo ou não precisa deixar o campo das nossas preferências pessoais e partir para a racionalidade", considerando que, se fosse realizado hoje, "o Carnaval do sambódromo teria totais condições sanitárias de acontecer", seguindo os protocolos atuais, como apresentação de comprovante vacinal. 

A escola Mocidade Unida da Mooca, do Grupo de Acesso 1 -- divisão que busca uma vaga na elite das agremiações -- subiu ao palco com uma faixa com os dizeres "Carnaval sim! Elitismo não!", acrescida com os nomes de outros eventos realizados na cidade e que não tiveram a "condenação" do "tribunal da internet" enfrentada pela folia. 

"O Carnaval do sambódromo não é um mundo à parte da pandemia, mas sim um evento que está inserido neste contexto e, como todos os outros eventos que já estão sendo realizados, se adequa ao momento", diz, ainda, o manifesto da Liga, acrescentando que "isso não significa ignorar as perdas" que atingiram igualmente diversas famílias dos componentes das agremiações. O texto da entidade é encerrado com uma negação "ao negacionismo, à irresponsabilidade, ao elitismo e ao preconceito contra a cultura popular".

Prefeito considera cancelamento "prematuro"

O prefeito Ricardo Nunes (PSDB) afirmou, em dezembro, que a realização do Carnaval 2022 está condicionada à decisão da Secretaria Municipal de Saúde e que não teria motivo para cancelar a festa, pois "seria prematuro" e "irresponsável". 

Segundo o tucano, o evento "gera 20 mil empregos" e "movimenta R$ 2,7 bilhões", considerando que tem até o fim de janeiro para tomar uma decisão, além de não poder "abrir mão de uma fonte de geração de emprego e renda importante para diminuir a pobreza e a desigualdade social".

Resta aos integrantes das escolas de samba e aos foliões torcer e esperar, em uma ansiedade que, dada a falta da festa por tanto tempo, está ainda maior que na abertura dos envelopes com as notas durante a apuração.
 

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