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Brasil

Trabalho híbrido e temporário: as principais tendências do mercado em 2022

Tecnologia da informação, e-commerce e recursos humanos são algumas das áreas que devem despontar

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Os quase dois anos de pandemia e isolamento social reinventaram a forma de trabalhar para, se não todas, a maioria das empresas. O trabalho em casa, comumente conhecido como "home office", foi a porta de entrada para diversas mudanças quando falamos de local de trabalho, ascensão de determinadas áreas profissionais e formas de admissão -- incluindo as temporárias -- e demissão de funcionários.

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A discussão sobre o que era ou não "um serviço essencial" para continuar aberto durante a pior fase da pandemia se instalou na sociedade. De qualquer forma, as companhias tiveram de fazer mudanças para garantir que o trabalho fosse entregue, instalando protocolos de segurança, promovendo transporte mais seguro, realizando rodízio de trabalhadores e, o mais comum, permitindo com que os colaboradores passassem a trabalhar de casa.  

O CEO de uma consultoria global de recursos humanos comenta a mudança de mentalidade em relação ao equilíbrio necessário entre vida profissional e pessoal no trabalho remoto: "É uma grande conscientização, grande despertar. Eu, no trabalho remoto, percebi que existem coisas importantes na minha vida, além somente do trabalho. Então a gente aprendeu a compatibilizar a vida pessoal, a vida profissional, a vida familiar os compromissos com a gente mesmo, com os pais, com os filhos, a saúde física e a saúde mental. O autodesenvolvimento. Tudo isso é super importante entre as pessoas", afirma Fabio Bataglia, da Randstad.

Carolina Franco é gerente de marketing de um banco digital e conta que sua equipe viu o trabalho remoto como um benefício também por cortar o tempo de deslocamento dos trabalhadores ao escritório. "Querendo ou não, o formato remoto é mais produtivo pela questão dos horários, de você não ficar na rua, você não ir até o trabalho acaba sendo mais saudável", comenta.

Falta de foco no home office causou demissão em massa nos EUA

Embora alguns tenham aprovado o escritório em casa, outros tiveram dificuldade de adaptação. Recentemente, a notícia de que o empresário Vishal Gargs, da empresa norte-americana de hipotecas Better.com, demitiu 900 funcionários (9% da companhia) via videoconferência por Zoom correu o mundo. No vídeo publicado por um dos desligados é possível ouvir os palavrões de incredulidade dele enquanto o CEO anuncia em mensagem de tom robótico de que os contratos serão rescindidos. 

"Se você está nessa reunião, é parte do infeliz grupo que está sendo despedido. Seu contrato será rescindido imediatamente", afirmou durante a chamada, que durou cerca de três minutos.

Como resposta da repercussão negativa, Gargs tornou-se também um dos afastados. Bataglia afirma que o problema não está no meio em que a mensagem foi transmitida, mas na falta de tato para transmiti-la. "Depende de como é feito. Uma demissão é sempre muito difícil, para o demitido e para quem está demitindo. Para o gestor também. Precisa do acolhimento, da atitude correta. Sempre o gestor com o recursos humanos dando todo tipo de informação. Também em alguns casos promovendo apoio psicológico", pontua.

Vittória Burattini é jornalista e também foi desligada da empresa onde trabalhava via videoconferência em setembro de 2020, mas afirma que não havia uma forma melhor de acontecer: "Eu me sentiria um pouco humilhada (se fosse pessoalmente). Eu vou pro trabalho, eles me chamam, eu sou demitida, e eu tenho que sair no meio do expediente, explicar pra todo mundo. Acho que videochamada é mais pessoal. Eu já conhecia minhas chefes bem, elas foram bem delicadas. Se elas tivessem feito chamada com outras pessoas junto seria sacanagem. Tem casos e casos. Eu acho que tem jeitos de transformar isso em uma coisa fria, mas também tem jeito de fazer isso de um jeito delicado. Depende muito da relação que você tem com o seu chefe", afirma.

Em um fórum anônimo da internet, o CEO norte-americano, revoltado com a repercussão negativa da demissão em massa, chegou a comentar que desligou os empregados pela falta de produtividade deles. Segundo ele, a falta de foco dos ex-funcionários fazia com que eles trabalhassem duas horas por dia com uma folha de pagamento de oito horas diárias, o que, segundo ele, deveria ser considerado "roubo".

Enquanto existem aqueles que não conseguem se concentrar, outros reclamam da superprodutividade. Uma publicitária não quis se identificar, mas afirma que desde que a pandemia começou esteve à beira da síndrome do esgotamento profissional, pois, por estar em casa, "qualquer hora era hora para trabalhar". "Como eu estava vivendo no escritório e não batia ponto, as demandas de projetos grandes eram muito maiores, assim como a realização de tarefas pontuais. Me vi trabalhando 16 horas por dia para atender as exigências da empresa e tive dificuldade para impor limites", conta ela. 

Segundo Bataglia, as empresas têm desenvolvido treinamentos com foco em manter a produtividade trabalhando em casa. Já Franco afirma que os líderes são responsáveis por entender como é o ambiente doméstico de cada trabalhador e suas maiores dificuldades.

"O que a gente faz com frequência é entender se tá se adaptando bem, quem tem filho pequeno, no meu caso eu tenho um filho pequeno, então a gente procurou entender como é que estava funcionando toda essa rotina com a criança. Tem preocupação da nossa parte aqui da liderança também de entender como é que tá o ambiente desse colaboradores né, além da produção dele. Alguns tiveram covid, outros perderam familiares em um momento bem delicado", comenta a gerente.

Trabalho temporário é tendência para o novo ano

Em meio à incerteza que a pandemia trouxe para o mercado de trabalho e para a economia como um todo, uma modalidade de contratação ascendeu: a temporária. As companhias, com dúvidas sobre o faturamento durante os "lockdowns", passaram a admitir funcionários por curtos períodos, renovando o contrato e até efetivando se necessário. 

A Associação Brasileira de Trabalho Temporário (Asserttem) aponta que de janeiro a agosto de 2021, o Brasil registrou mais de 1,7 milhões de admissões, diante de 1,3 milhões no mesmo período de 2020, um aumento de 31,5% neste ano.

"Se antes era esperado encontrar pessoas temporárias em cargos mais operacionais da indústria e no varejo no final do ano, hoje vemos que a mentalidade das empresas mudou, e estão contratando para funções administrativas e técnicas. Isso mostra um movimento relevante, também traz a oportunidade de pessoas serem efetivadas após mostrarem capacidade de adaptação e rápido aprendizado, sem precisarem ser especialistas ou ter experiências prévias, por exemplo. A própria empresa se torna uma desenvolvedora de seus talentos", comenta o CEO.

Tecnologia da informação, recursos humanos e e-commerce devem despontar

A área de tecnologia da informação deve crescer no próximo ano. Com os ataques cibernéticos que empresas e entidades vêm sofrendo, como o Ministério da Saúde e a Polícia Rodoviária Federal, a segurança de informação tem sido cada vez mais necessária. "A gente vê quantos hackers existem por aí e ataques às bases de governo. A gente tem empresas grandes que ficam sem poder faturar, ou seja, as empresas estão suscetíveis a mais digitalização e isso implica mais gente acessando plataformas, mais quem sabe vulnerabilidades potenciais no sistema. Então precisa de muito investimento em segurança da informação e de dados", ressalta Bataglia. 

A quantidade de profissionais que se formam todos os anos em universidades não é suficientes para suprir a demanda do mercado. "Essa é uma área que está super inflada, profissionais altamente demandados, recebem duas, três, cinco propostas de emprego por semana com salários cada vez maiores. O que as empresas estão fazendo é pegar gente nas escolas técnicas de formação, a gente também está ali, criando programas de estágio de T.I, formando esse pessoal da base como primeiro emprego para ter esse pessoal mais fidelizado", comenta.

As áreas de e-commerce e logística também devem despontar no próximo ano pelo aumento de pessoas que passaram a comprar pela internet durante a pandemia, incluindo em aplicativos de entrega de comida. Segundo o especialista, a área de recursos humanos também deve ser destaque pela necessidade de contratação de pessoas que saibam escolher talentos qualificados e trabalhar na marca empregadora da empresa onde trabalha. 
 

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