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Brasil

Retrospectiva 2021: relembre os principais acontecimentos

Ano marcou o início da vacinação contra a covid-19 no Brasil e a esperança de tempos melhores

Imagem da noticia Retrospectiva 2021: relembre os principais acontecimentos
Mônica calazans
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Há quem diga que em 2021 o tempo voou. Uma sensação que costuma se repetir todos os anos. O curioso é que, desta vez, cientistas acreditam que de fato a terra possa ter girado mais depressa, com dias, em média, meio milissegundo menores. Uma diferença impossível de ser captada pelos relógios mas, se a teoria se confirmar, este ano se encerra nos próximos dias como o mais curto da história.

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Um ano em que as portas voltaram a se abrir. As lágrimas deixaram de ser apenas de tristeza. A esperança em um pequeno frasco, onde cabem tantos sonhos e planos. Os reencontros por tanto tempo adiados. O retorno dos abraços.

Vacina

Se 2020 foi o ano do lockdown, a palavra que resume 2021 é vacinação. A vacina foi a grande protagonista deste ano. À espera dela, madrugamos na fila dos postos de saúde, contamos no calendário os dias para que um novo grupo fosse vacinado - nossos pais, amigos, nossos filhos.

Por causa dela, teve gente que trapaceou, furando a fila da vacina. Graças a ela, pudemos voltar às ruas e ver o mundo aqui fora novamente, não só pela janela de casa ou pela tela do celular. Embora possa parecer um pequeno passo, a sensação é de que essa corrida contra o vírus está perto de acabar. 

Uma alegria que começou com Mônica Calazans, a primeira pessoa imunizada contra a covid-19 no Brasil. A partir daí, exibir a carteira de vacinação virou motivo de orgulho... e de fotos. Foi durante um desses registros que a "vacina de vento" foi descoberta. Agentes de saúde simulavam a aplicação para desviar doses. Houve prisões, mas o medo da fraude fez com que a presença de um acompanhante na hora da vacinação se tornasse um hábito quase obrigatório.

A enfermeira Mônica Calazans foi a primeira pessoa vacinada no Brasil, em 12.fev.2021| Reprodução/Gov. SP

Novos golpes surgiram, receitas e atestados médicos falsos forjavam comorbidades que davam acesso ilegal ao grupo prioritário. Empresários chegaram a subornar uma enfermeira em Belo Horizonte, que clandestinamente fazia aplicações de vacina em uma garagem de ônibus. Meses depois, laudos apontaram que não era vacina, mas soro fisiológico.

Quando as doses chegaram para todo mundo, surgiram os chamados "sommeliers de vacina", pessoas que queriam escolher o imunizante. Havia, ainda, aqueles que recusavam qualquer vacina. Embora fossem minoria, eles fizeram barulho em muitas partes do mundo.

Na Europa, os governos fizeram um esforço urgente para convencer a população. Desde o sorteio de prêmios até a distribuição de comida.

Crise

Uma refeição que faria diferença na mesa de muitos brasileiros. A fome, que já era um problema no Brasil antes da pandemia, se agravou, e o que era básico virou luxo. Com o desemprego e a inflação em 12 meses nos dois dígitos, o brasileiro perdeu o poder de compra e se virou como deu. Saiu a carne, entraram os ovos, os pés de galinha, os ossos. O arroz e o feijão agora são fragmentados, partidos. Considerados de segunda linha, chegam a custar quase metade do produto tradicional.

E não é só o carrinho do mercado que tem sido difícil de abastecer. Os sucessivos reajustes dos combustíveis ao longo do ano fizeram a gasolina se aproximar dos R$ 8 em algumas cidades. Em uma dessas altas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) resolveu trocar o comando da Petrobras. O general da reserva do exército Joaquim Silva e Luna assumiu a estatal no lugar de Roberto Castello Branco. O preço na bomba continuou subindo e o general atribuiu a culpa aos impostos cobrados pelos estados.

A alta do preço dos combustíveis marcou o ano de 2021 | José Cruz/Agência Brasil

Na soma das contas do mês, mais um vilão. A conta de luz subiu mais que a inflação e a bandeira tarifária estacionou no vermelho, com a criação de uma taxa extra. "Temos de enfrentar a crise de frente. Vamos ter de subir a bandeira, a bandeira vai subir. Temos de enfrentar, não adianta ficar sentado chorando", afirmou o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Mudanças climáticas

A geração de energia ficou mais cara com o acionamento das termoelétricas. Consequência da falta de chuva, que fez o país vivenciar a pior crise hídrica em 91 anos, enquanto o Amazonas se encheu de água, fazendo o Rio Negro atingir a maior cheia da história.

A mudança climática deixou suas digitais também na Europa, onde inundações catastróficas engoliram cidades. A Alemanha e a Bélgica testemunharam a morte de quase 200 pessoas.

Durante o ano, muito do que deveria ter sido protegido foi destruído. O parque do Juquery, último remanescente do cerrado na Grande São Paulo, teve mais da metade da vegetação consumida pelo fogo, no final de agosto. Resultado da ação de baloeiros. Foram quatro dias queimando lentamente. A fuligem cobriu a região metropolitana de São Paulo, deixando o céu ainda mais cinza.

Não foi só ali que o cerrado sofreu as consequências de um incêndio criminoso. Na Chapada dos Veadeiros, o fogo teve início em três diferentes focos - dois deles, intencionais. Quatro pessoas foram indiciadas, incluindo um produtor rural. 

Outro tema foi o impacto da poluição durante a pandemia. A qualidade do ar foi uma chance que virou fumaça. As dúvidas também seguem para saber se a Natureza ainda respira.

Desmatamento e aumento de queimadas foram alguns dos impactos ao meio ambiente durante a pandemia | Marcelo Camargo/Agência Brasil

A questão climática fez as maiores economias do mundo assumirem o compromisso de tentar limitar o aquecimento global a 1,5ºC, durante uma reunião do G20. Na maior conferência sobre o meio ambiente do planeta, a COP26, mais acordos: reduzir a emissão de metano, o uso de carvão e o desmatamento, nas próximas décadas. Pela primeira vez, foi incluída na meta a intenção de diminuir os subsídios para combustíveis fósseis.

Caos

Em meio à destruição, a tentativa de sobreviver ao caos. A demanda de oxigênio para pacientes internados com covid-19 no início do ano, em Manaus, levou ao desespero famílias que tentavam encher cilindros para salvar algum parente. Uma dor que motivou orações até do papa.

No sul do país, o sistema de saúde em agonia levou um hospital do Paraná a usar equipamentos emprestados de um zoológico para tratar pacientes infectados pelo coronavírus. Os tristes recordes diários fizeram o Brasil atingir, em abril, o pior momento da pandemia, o mais letal. Situação que obrigou a maior cidade do país a realizar sepultamentos à noite.

No auge do colapso no sistema funerário, corpos eram carregados até em vans usadas no transporte escolar, enquanto as crianças ainda estavam impedidas de frequentar as aulas. Privadas do convívio com amigos, elas passaram parte da infância dentro dos limites de casa. Nem sempre o lugar mais seguro.

Chegada de oxigênio em um hospital de  Manaus e o desespero de uma familiar  | Reprodução/Twitter

Violência

Henry Borel tinha quatro anos quando chegou morto a um hospital do Rio de Janeiro, levado pela mãe, Monique Medeiros, e pelo padrasto, o ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o doutor Jairinho. O casal alegou acidente doméstico, mas além dos sinais de agressão pelo corpo, a perícia indicou que o fígado do menino foi rompido, provavelmente durante uma pancada forte, provocando uma hemorragia.

A rotina de tortura e de maus-tratos também fazia parte da vida de Gael, de três anos, espancado e asfixiado pelas mãos da própria mãe. Na testa do menino, foi encontrado um ferimento com a marca do anel que ela usava, mas a mulher alegou não se lembrar de nada.

Henry Borel morreu em fevereiro, aos 8 anos | Reprodução

Já a mãe de Miguel confessou ter dopado o filho de sete anos antes de jogar o corpo em um rio de águas geladas, em Imbé, no litoral gaúcho. Ela e a companheira costumavam deixar o menino trancado no banheiro ou dentro de um armário no quarto.

Até hoje, o corpo de Miguel não foi encontrado. Assim como ele, Lucas, Alexandre e Fernando também nunca foram enterrados. Os meninos de Belford Roxo desapareceram em dezembro de 2020 e só este ano o caso teve um desfecho. A polícia descobriu que as crianças foram assassinadas por traficantes.

No Rio de Janeiro, foi um tiro de fuzil disparado durante uma ação policial que tirou mais duas vidas negras. A modelo Kathlen Romeu estava grávida de quatro meses. Os policiais envolvidos na morte da jovem foram afastados, mas este foi apenas um dos episódios de violência protagonizados pela polícia do Rio este ano.

Na favela do Jacarezinho, uma ação policial que resultou na morte de 28 pessoas entrou para a história do Rio de Janeiro como a mais letal do estado. Entre os mortos, um Policial Civil. Os demais foram classificados pela polícia como traficantes. 

Operação policial na comunidade do Jacarezinho foi a mais letal da história | Jose Lucena/TheNewsw/Estadão Conteúdo

Seis meses depois, mais uma operação policial e novas mortes. Desta vez, no complexo do Salgueiro, região metropolitana do Rio. Durante a ação, que tinha como objetivo prender os responsáveis pela execução de um sargento e que durou 33 horas, foram disparados mais de 1.500 tiros de fuzil. Oito dos nove corpos foram encontrados em uma área de mangue. O Ministério Público abriu uma investigação para apurar possíveis abusos dos agentes.

Já nos Estados Unidos, um policial foi condenado pela ação desastrosa que resultou na morte do ex-segurança negro, George Floyd, no ano passado. Uma decisão histórica na justiça americana.

Alguns julgamentos levam meses para acontecer, outros demoram anos. O incêndio na boate Kiss, ocorrido em 2013 na cidade gaúcha de Santa Maria, só teve um desfecho em 2021. Os quatro réus foram condenados pela morte de 242 pessoas - a maioria jovens universitários. Para os sobreviventes, um dia difícil de esquecer.

Renovação, nascimentos e despedidas

Este ano, mais do que nunca, o brasileiro teve que se reinventar. Uma renovação feita diariamente, como acontece com o idioma que falamos: se apropria de diferentes elementos que ganham vida nas ruas, para se transformar e continuar existindo.

Foi o que fez o Museu da Língua Portuguesa, ao voltar a abrir as portas em 2021, depois de quase seis anos recolhido. A reforma deu cara nova ao museu, atingido por um incêndio que destruiu dois andares e matou um bombeiro em 2015. A volta ocorreu na mesma semana em que um outro símbolo da cultura nacional passaria por um teste semelhante.

Um galpão da Cinemateca Brasileira, fechada há quase um ano por decisão do governo, foi atingido pelo fogo, durante uma manutenção em um aparelho de ar-condicionado. Décadas de história em chamas. As labaredas levaram embora boa parte do acervo da produção audiovisual brasileira. 

Um golpe duro para uma cidade que ainda se recuperava de um outro luto. A batalha de Bruno Covas contra o câncer chegou ao fim em uma manhã de maio. São paulo se despediu do prefeito, que partiu aos 41 anos.

Bruno Covas morreu aos 41 anos, enquanto era prefeito de São Paulo | Reprodução/Gov.SP

Um país que perdeu, mas também ganhou e viu nascer novos talentos. Com Rayssa Leal e Rebeca Andrade, o Brasil alcançou em Tóquio seu melhor desempenho em Jogos Olímpicos. Vieram as conquistas inéditas da ginástica artística feminina, da maratona aquática, do tênis, do surfe e no skate.

No futebol, o ano foi marcado pelo reencontro com o torcedor. Aos poucos, as arquibancadas voltaram a ser ocupadas, enquanto a bola rolava no gramado. Em Montevidéu, na final da Conmebol Libertadores 2021, cerca de 50 mil pessoas prestigiaram a decisão entre Palmeiras e Flamengo.

Se ganhar uma Libertadores é difícil, imagine vencer duas no mesmo ano. O Palmeiras foi o dono da América. Por causa da pandemia, a disputa de 2020 também ficou para 2021, e o Verdão fez festa nas duas, sempre com a transmissão do SBT.

Na era dos extremos, os limites são colocados à prova. O alerta do corpo e da mente, que decidem quando é hora de parar. Com 27 medalhas, o nadador Daniel Dias se aposentou como o maior atleta paralímpico do Brasil.

Outra aposentadoria veio da Corte. O decano Marco Aurélio Mello encerrou a trajetória de 30 anos no Supremo Tribunal Federal. Para a vaga, o presidente Jair Bolsonaro indicou o ex-chefe da Advocacia-Geral da União, André Mendonça. Após quase cinco meses de espera, o nome de Mendonça foi aprovado no Senado, com a maior rejeição no plenário entre os ministros da formação atual.

Não foi só o Judiciário que teve mudança de configuração. Um dia após a saída do ministro da Defesa, uma troca no comando das três Forças Armadas - Exército, Marinha e Aeronáutica - acabou gerando a pior crise militar desde 1977. No mesmo dia, houve mudança no comando de outros cinco ministérios, incluindo o das Relações Exteriores.

Um ano em que Fábio Wajngarten foi exonerado da chefia da Secretaria de Comunicação da Presidência e Ricardo Salles pediu demissão após suspeitas de favorecer madeireiros e tentar atrapalhar o trabalho da polícia. 

Outro ex-ministro que entrou na mira da Justiça foi Sérgio Moro. O Supremo Tribunal Federal declarou que ele foi parcial nas condenações do ex-presidente Lula quando era juiz da Lava Jato. A decisão anulou as provas contra Lula, que recuperou os direitos políticos. "Eu tinha certeza que esse dia chegaria, e ele chegou", comemorou Lula.

O que também chegou e parecia distante foi o aumento da taxa de juros básicos, a Selic. Em janeiro, estava em 2% e foi subindo até se aproximar dos dois dígitos.

O que não saiu do lugar durante quase uma semana foi o navio cargueiro que encalhou no canal de Suez. Com a passagem bloqueada, cerca de 300 embarcações ficaram presas com as mercadorias, em uma espécie de engarrafamento. Um dano de mais de R$ 50 bilhões por dia.

Conflitos

Mas há situações em que o prejuízo é humano. A volta de conflitos do passado provocaram ataques cruzados entre Israel e o grupo palestino Hamas, na faixa de gaza, por 11 dias. A diferença brutal do poder de fogo deixou uma conta clara: de um lado, 12 israelenses mortos. Do outro, 230 palestinos perderam a vida no confronto, considerado o mais sangrento dos últimos sete anos.

Menos de um mês depois do cessar-fogo, o então primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu enfrentava uma dura derrota política, obrigado a sair do cargo após 12 anos.

Quem decidiu não concorrer mais ao poder foi Angela Merkel. Após 16 anos à frente da chancelaria alemã, ela se despediu como a líder mais popular das últimas décadas.

Já para Donald Trump, deixar o comando dos Estados Unidos não foi uma tarefa fácil. Ele confrontou o resultado das eleições, com uma consequência imprevisível para os padrões americanos. Inflados pelo republicano, apoiadores invadiram o Capitólio, onde congressistas se reuniam para confirmar a vitória de Joe Biden nas urnas. O ataque deixou cinco mortos, mais de 50 policiais feridos e uma mancha na democracia americana.

Em um outro país das américas, uma multidão se mobilizou por uma causa diferente. Milhares de cubanos foram às ruas em julho para protestar contra o governo, impulsionados pela grave crise econômica e de abastecimento que a ilha sofria, agravada pela pandemia. Foram as maiores manifestações populares registradas no país nos últimos 25 anos.

CPI da Pandemia

Instalada em abril, a CPI da Pandemia teve como objetivo investigar as ações e possíveis omissões do governo federal no combate ao novo coronavírus. Ao longo do processo, muitas denúncias vieram à tona. Desde a crise do oxigênio em Manaus, o suposto esquema de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin -- a única com intermediação de uma empresa --, o atraso na aquisição de imunizantes, a disseminação de fake news, até o incentivo do uso de medicamentos sem eficácia no tratamento da covid-19. A divulgação de algumas informações fez algumas testemunhas passarem à condição de investigadas.

Foram mais de 50 pessoas ouvidas. Alguns depoimentos foram marcados por bate-boca, revelações, falas machistas, denúncia de homofobia, relatos emocionados e até ordem de prisão.

CPI da Covid pediu, em relatório final, o indiciamento de Bolsonaro e outras 67 pessoas | Pedro França/Agência Senado

No relatório final, 80 indiciamentos foram pedidos, incluindo os de duas empresas. Na lista, estão o presidente Jair Bolsonaro, os filhos dele, alguns ministros e ex-ministros, além de empresários e pessoas ligadas à pasta da saúde. O documento foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República. Após análise, a PGR enviou ao Supremo Tribunal Federal, sob sigilo, um conjunto de pedidos com providências que deveriam ser tomadas.  

Foi na CPI que começou a investigação das condutas adotadas pela operadora de saúde Prevent Senior durante a pandemia. A denúncia feita por um grupo de ex-médicos da empresa e o depoimento de um paciente revelaram que a operadora pressionava os funcionários para que receitassem o kit covid, sem eficácia, além de comandar a experimentação de medicamentos em pacientes.

Os pacientes graves afirmam que eram retirados dos cuidados intensivos antes do prazo. A Prevent Senior contesta o relatório e diz que as denúncias são infundadas, feitas dentro de um contexto politizado, sem a devida investigação.

Insegurança digital

A popularização de uma nova modalidade de pagamentos e transferências pelo celular, o Pix, facilitou a vida de muita gente, mas fez disparar em São Paulo um tipo de crime que parecia adormecido: o sequestro-relâmpago. O número de casos, que aumentou quatro vezes em um ano, fez o Banco Central rever as regras e tornar mais rígido o limite de operações. O que ficou evidente com a disparada dessa nova modalidade de crime foi o quanto estamos vulneráveis quando o assunto são dados pessoais.

Três grandes vazamentos expuseram este ano informações de mais de 200 milhões de brasileiros. O material era vendido em fóruns na internet. Em um dos casos, o próprio criminoso afirmou que os dados haviam sido roubados da Serasa, maior empresa de análise de crédito do país. Os dois outros vazamentos envolvem suspeita de invasão de bases de órgãos de estado: o Poupatempo, serviço de emissão de documentos do governo de São Paulo, e o Detran do Distrito Federal.

A segurança na internet voltou a ser assunto no mundo todo quando, em depoimento ao Senado americano, uma ex-funcionária disse que o Facebook faz mal às crianças e enfraquece a democracia, ao colocar os lucros acima das pessoas. As acusações aconteceram em meio a um apagão que tirou do ar, por mais de seis horas, três redes sociais ligadas à empresa. Três bilhões de pessoas foram afetadas e o Facebook negou se tratar de uma ação de hackers.

Invasões e retomadas do terror

No interior do Pará, o ataque foi a uma base da polícia, montada em um aeroporto, para coordenar uma operação contra o garimpo ilegal em terras indígenas. Já no Amazonas, o garimpo tomou conta das águas. Centenas de balsas e dragas atracaram no Rio Madeira para extrair ouro do fundo do rio ilegalmente. Depois de semanas poluindo o curso do madeira, embarcações foram destruídas pela Polícia Federal.

Há invasões que levam terror a uma cidade inteira, como o mega-assalto a bancos em Araçatuba, no interior paulista,  há situações que tornam um país todo refém.

A chegada do Talibã ao poder no Afeganistão levou ao desespero uma população disposta a deixar o país a qualquer custo. Era o medo da volta da repressão e das punições extremas, em nome de uma visão distorcida da religião.

Velhos fantasmas que já tinham assombrado o país em outros tempos e que voltaram a encontrar terreno livre com a retirada das tropas americanas. O SBT foi o primeiro veículo de comunicação do Brasil a enviar um repórter para fazer a cobertura da crise, direto da capital afegã.

Para as mulheres, um passo atrás. Proibidas novamente de trabalhar, aos poucos elas deixaram de frequentar a escola e as ruas. Uma vida em segredo, longe dos olhos do mundo, como determina a lei islâmica interpretada pelo Talibã. Foi uma retomada de poder emblemática, alguns dias antes de o mundo parar para lembrar os 20 anos do pior ataque da história dos Estados Unidos, o 11 de setembro.

O adeus precoce

No brasil, outra barbárie. Duas funcionárias e três bebês foram assassinados por um jovem de 18 anos, armado com uma espécie de espada. Já preso, ele disse à polícia que a intenção era matar o máximo possível de pessoas. Uma ausência sem consolo, seja ainda no início da vida ou no auge dela.

MC Kevin tinha 23 anos quando caiu do quinto andar de um hotel no Rio de Janeiro. Ele estava em um quarto com amigos e uma modelo que tinha conhecido em um quiosque. Temendo ser flagrado pela mulher e sob o efeito de drogas e álcool, o cantor tentou fugir pela sacada e se desequilibrou, batendo a cabeça. Uma altura de aproximadamente 18 metros.

Uma outra voz também se calou cedo demais. Rainha da sofrência, ícone do feminejo, patroa. Não faltam títulos para Marília Mendonça, esse furacão que revolucionou a música sertaneja ao cantar o empoderamento feminino num ambiente historicamente dominado pelos homens. Uma morte precoce, aos 26 anos. O acidente aéreo, a caminho de um show, tirou a vida da cantora e de outras quatro pessoas.

Ataques

O meio artístico também foi abalado pela divulgação das agressões cometidas pelo cantor DJ Ivis contra a mulher, a influenciadora digital Pâmella Hollanda, na frente da mãe dela e da filha do casal, de 10 meses. O cancelamento de contratos e parcerias foi uma resposta da sociedade a um tipo de comportamento que não é mais tolerado, seja na violência doméstica, na importunação sexual. ou nos casos de perseguição, que passaram a ser punidos com a criação da lei do stalking.

Um ano em que uma esposa foi para a prisão pela morte do marido, depois de ter o mandato de deputada cassado. Um governador foi destituído do cargo por impeachment, pela primeira vez na história do Rio de Janeiro.

Um parlamentar foi preso e suspenso por quebra de decoro. Daniel Silveira foi detido após a divulgação de um vídeo em que exaltava atos da ditadura militar e incitava a violência contra os ministros do Supremo Tribunal Federal. 

Foram os ataques à democracia que motivaram, ainda, a prisão do caminhoneiro Zé Trovão, que se entregou à polícia depois de quase dois meses foragido. A suspeita de participação em um grupo que ameaça o STF também levou à prisão o ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, e desencadeou uma operação contra o cantor Sérgio Reis, que em audio pediu a retirada dos ministros da Corte.

As ofensivas contra organizadores e financiadores de atos considerados antidemocráticos fizeram parte de um inquérito comandado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que investiga ataques contra as instituições do país.

As buscas e prisões aumentaram a tensão com o governo federal e provocaram uma ruptura entre os poderes, que atingiu o momento mais crítico nas manifestações do dia 07 de setembro. Durante um dos atos em apoio ao governo federal, Jair Bolsonaro fez um discurso com ofensas a Alexandre de Moraes. O presidente também voltou a defender o voto impresso. O Supremo e o Congresso reagiram.

Menos de um mês antes, a Câmara dos Deputados já havia rejeitado o retorno do voto impresso nas eleições. No dia em que estava prevista a votação, um comboio de veículos militares blindados desfilou pela Esplanada dos Ministérios.

A trégua entre as instituições veio com a intermediação de Michel Temer. Após um encontro com o ex-presidente, Jair Bolsonaro divulgou uma carta em que dizia que "nunca teve a intenção de agredir quaisquer dos poderes", e se refere a Alexandre de Moraes em tom elogioso.

A volta do medo

No Ministério da Saúde, uma nova troca de comando. A circulação de mais uma cepa do coronavírus, a variante delta, trouxe de volta o medo de uma nova onda. Veio a necessidade de reforçar a imunização com uma terceira dose, sobretudo em idosos. Na fila da vacina, o encontro de gerações. Enquanto os mais velhos recebiam a dose de reforço, os adolescentes eram imunizados com a Pfizer.

Com o avanço da imunização, as aulas presenciais voltaram a ser obrigatórias e o uso da máscara deixou de ser exigido em locais abertos, em vários municípios, mas o surgimento de uma nova variante do coronavírus colocou, novamente, o mundo todo em alerta.

Com o aviso dado pela África do Sul, a nova cepa, batizada de ômicron, fez países fecharem ainda mais o cerco aos não vacinados. No Brasil, governos estaduais recuaram na liberação de algumas medidas restritivas e o revéillon foi cancelado na maior parte das capitais.

De um lado, a discussão do fim das restrições nas ruas, do outro, a restrição da liberdade. Um drama da vida real. O que deveria ser apenas uma encenação e se tornou um trágico incidente foi o disparo feito por Alec Baldwin, durante uma gravação. Uma sequência de falhas levou às mãos do ator uma arma carregada com munição verdadeira. Baldwin matou acidentalmente a diretora de fotografia Halyna Hutchins, de 42 anos.

No final de junho, terminou em Águas Lindas de Goiás uma intensa caçada que mobilizou toda a polícia da região e paralisou o país. Durante 20 dias, Lázaro Barbosa foi o criminoso mais procurado do Brasil. Ele conseguiu despistar a polícia se escondendo na mata, invadiu propriedades rurais, fez famílias reféns e deixou a população aterrorizada. Quando o fugitivo finalmente foi localizado, uma troca de tiros com a polícia tirou a vida do assassino.

De olho no futuro

O SBT completou quatro décadas de informação e muita diversão. O mais novo produto do jornalismo, o SBT News, comemorou seu primeiro aniversário. Um futuro cheio de planos e desafios. 

Um ano de promessas a longo prazo e de realizações prestes a acontecer. Marco da conectividade no país, o leilão do 5G colocou o Brasil na rota de uma rede mais potente. Se o sinal 4G inaugurou a era dos aplicativos, o 5G promete revolucionar a forma como usamos a internet.

Além da alta velocidade, o aumento da otimização de processos na indústria, no agronegócio e na medicina. Foi a conquista de um novo patamar tecnológico que permitiu ao país enviar para o espaço o primeiro satélite 100% brasileiro.

A certeza de estarmos prontos para olhar para o alto e ver com os próprios olhos o que nos espera do lado de lá. As viagens espaciais, realizadas só com civis pela primeira vez, deram início a uma nova temporada de exploração do universo.

Em uma nave sem piloto, turistas ficaram três dias em órbita. Um outro foguete atravessou as camadas da atmosfera terrestre levando a bordo um dos homens mais ricos do mundo.

Até o Capitão Kirk foi para o espaço, numa história real. Aos noventa anos, o ator que interpretou o famoso personagem da série "Jornada nas Estrelas" participou de uma missão mais que especial: se tornou a pessoa mais velha a fazer um passeio fora do planeta.

"Espero nunca me recuperar disso". Foi como Willian Shartner resumiu a aventura. Uma prova de que não há fronteiras entre ficção e realidade, e que sempre há tempo para recuperar o fôlego diante de cada nova jornada.

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