"Resposta crítica aos cenários econômicos", diz autora de 'Vaca magra'
Artista cearense Márcia Pinheiro falou ao SBT News; obra foi instalada em frente à B3, em São Paulo
A obra Vacas magras, da artista cearense Márcia Pinheiro, ficou poucas horas em frente ao prédio da bolsa de valores de São Paulo, a B3. Em entrevista ao SBT News, o produtor Rafael Rasmoke afirmou que a escultura deveria ficar no local até às 17h desta 5ª feira (9.nov), mas "sofreu ação do poder público".
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Rafael conta que a instalação da obra foi realizada às 7h30 e às 10h30 um servidor público da subprefeitura apareceu retirando os cartazes. "O cronograma que estava previsto era de encerramento às 17h, mas infelizmente não foi possível. A gente acabou sofrendo uma ação do poder público de SP. O rapaz chegou no local retirando todos os cartazes que estavam colados no chão com a identificação e nome da obra. Em seguida ele já chega com o serviço de remoção", disse.
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O produtor afirma que foi abordado com tranquilidade pela Polícia Militar e optou por fazer sozinho a retirada da arte. "Com a chegada da base metropolitana de São Paulo mais a equipe de remoção, eu tive que agir rapidamente retirando a obra do local. Aí eu sofri uma segunda abordagem que foi da PM municipal de São Paulo. Uma abordagem tranquila também. Ao ser liberado, eu levei a obra até um estacionamento, embrulhei ela novamente e esperei a equipe do transporte buscar para que ela não fosse levada."
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que, logo que teve conhecimento da ação, uma equipe de fiscalização da Subprefeitura da Sé foi ao local para realizar a retirada da escultura, visto que não havia pedido de autorização. "No entanto, o objeto, que foi instalado na manhã desta 5ª feira (9.dez), já havia sido retirado", afirmou.
A autora da obra contou ao SBT News que começou a realizar o projeto Vacas magras em 2011 para refletir a pobreza e a seca no Nordeste. O trabalho se espalhou por outras cidades e, segundo ela, São Paulo já estava nos planos. "Já tinha essa vontade de levar a São Paulo, só não tinha coragem. Moro muito longe. O que me incentivou foi a questão do touro, coloquei no mesmo lugar exatamente para as pessoas relacionarem, impactarem", explicou.
Quando questionada sobre o que a obra significava, Márcia disse que sua arte "é de posicionamento, protesto e uma resposta crítica aos cenários econômicos e culturais".
A artista ainda afirma que não desistiu de expor a vaca magra: "Eu até pensei em pedir autorização da Prefeitura para continuar, porque não estava agredindo, é uma forma de expressão".