Leite nega que tenha pedido para Doria adiar início da vacinação
Segundo governador gaúcho, sua fala foi distorcida para prejudicá-lo nas prévias do PSDB
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse nesta 5ª feira (18.nov) que nunca pediu nem pediria o adiamento da vacinação contra a covid-19 no Brasil. A declaração foi dada em coletiva de impressa convocada devido à repercussão negativa de uma fala sua sobre ligação que fez ao governador de São Paulo e colega de partido, João Doria.
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Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, na 4ª feira (17.nov), Leite havia confirmado que entrou em contato com Doria antes de 17 de janeiro -- quando a primeira dose de imunizante da covid foi aplicado no Brasil --, para pedir que ele refletisse sobre a data prevista para iniciar a campanha de vacinação. "Talvez tivesse sido positivo ao país que se fizesse um esforço de coordenação e engajamento, já que era uma questão nacional. Mas é um episódio superado", acrescentou. O contato com o outro tucano, segundo Leite, foi feito a pedido do então ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.
A resposta do chefe do Executivo gaúcho ao jornal foi interpretada por internautas como a revelação de uma tentativa sua de adiar o início da vacinação no território brasileiro. Na coletiva desta 5ª feira, porém, ele pontuou: "Jamais faria um pedido dessa natureza para adiamento da vacinação no Brasil. O que fiz foi, a partir de um telefonema que recebi do ministro Ramos, fazer o contato com o governador, meu colega de partido, para relatar aquela conversa que nada mais era do que um pedido de um esforço de concertação e de conciliação política para dar a largada à vacinação no Brasil".
Ele argumentou que, entre o final de 2020 e início de 2021, no país, existia um "estresse político por conta de uso excessivamente político por conta da vacina e do outro lado o negacionismo". Isso, de acordo com Leite, levou a mudanças constantes no calendário de vacinação e a um impasse para aquisição de doses da CoronaVac pelo Ministério da Saúde e, portanto, após a conversa com Ramos, ficou preocupado que um novo impasse poderia surgir com o evento preparado pelo governo paulista para aplicar a primeira unidade da vacina e, por isso, falou com Doria.
"Liguei para o governador João Doria, relatei a ele [a conversa com ministro], ele disse que faria aquele ato que foi marcado, que é conhecido de todos, histórico aqui para o Brasil, eu dei inclusive razão a ele, que desse o início daquela forma, porque até ali já tinha se estressado suficientemente politicamente o tema, e foi ali que se esgotou o assunto", afirmou Leite.
Segundo ele, o ministro lhe procurou na época para falar com o outro tucano por causa de sua característica de "diálogo". "Eu disse 'olha, ministro, vou fazer o contato, acho difícil que haja qualquer tipo de alteração dessse evento que deva ser programado em São Paulo, vou comunicar que recebi o telefonema'. Para que se observava a capacidade política de fazer a conciliação. Se fosse o caso poderia o governo de São Paulo ter convidado alguém do Ministério da Saúde para estar junto lá, até porque é quem pagou [pela vacina]", relatou o governador gaúcho na coletiva.
Ainda segundo Leite, sua fala ao jornal foi repercutida de forma distorcida, a partir de 5ª feira, não só para prejudicá-lo nas prévias do PSDB, marcadas para domingo (21.nov), mas também para enfraquecer uma eventual candidatura sua à presidência da República em 2022. Porém, disse acreditar que isso não impactará a eleição interna do partido e que irá vencê-la.