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Brasil

Três anos depois, Museu Nacional arrecadou 65% da verba para reconstrução

Destruído por incêndio em 2018, local faz campanha para arrecadar itens; previsão é reabrir totalmente em 2026

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Museu Nacional
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Passados três anos de uma das maiores tragédias para o acervo histórico e cultural do país, o Museu Nacional, localizado na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), ainda se recupera do incêndio de grandes proporções que o atingiu em 2 de setembro de 2018.

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Na época, 90% do acervo de 20 milhões de peças, entre fósseis de dinossauros, múmias e artefatos, foi queimado em um intervalo de seis horas. O laudo pericial apontou que o curto-circuito em um ar condicionado levou ao incêndio.

Segundo Alexander Kellner, diretor do Museu desde fevereiro de 2018, a quantia arrecadada para a reconstrução representa de 60% a 65% do necessário para as obras, estimadas em R$ 380 milhões.    

O paleontólogo reitera a importância da arrecadação do restante da quantia e salienta alguns esforços que a instituição vem empreendendo para conseguir o valor: "O Museu Nacional está tentando junto à bancada dos deputados federais do Rio de Janeiro uma nova emenda parlamentar para fazer frente à questão [orçamentária] da reforma do Palácio". Kellner ressalta que "não há sofrimento" e que os projetos viabilizados estão "andando".     

Além dos órgãos nacionais, o Museu conta com o apoio financeiro de outros países, especialmente Alemanha, que destinou 1 milhão de euros -- cerca de R$ 6,30 milhões em valores atualizados -- para fomento às obras de reconstrução. 

Atualmente, a instituição aguarda o início das obras físicas do Palácio. Já para 2022, prevê a reabertura do Jardim das Princesas e de parte da fachada.

Reconstituição do acervo

Para recompor o acervo perdido durante o incêndio, foi lançada uma campanha de arrecadação. A meta é conseguir 10 mil itens até a reabertura completa do Museu, prevista para 2026. Entre as peças arrecadadas, estão coleções de moluscos e objetos de origem indígena e pré-colombiana.

"A ideia é que nos próximos anos nós tenhamos um projeto para convencer as entidades nacionais e internacionais a doar materiais originais para as exposições. Já tivemos acenos de instituições da Alemanha, que se prontificaram a fazer doações", afirma o diretor.

Sobre o andamento das restaurações do material salvo, Kellner pontua que os trabalhos foram impactados pela pandemia de covid-19. "Isto está um pouco parado em razão da pandemia. Estamos na iminência de ter um laboratório novo, que vai ser construído, para iniciar os trabalhos de restauração do material". O crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado nas Américas, figura entre os objetos salvos.

"Nós só vamos merecer o acervo se fizermos a reconstrução do Palácio da forma mais segura possível para as pessoas e para as coleções. Temos que convencer a comunidade científica nacional e internacional que vale a pena doar", completa o pesquisador.

Desastre anunciado

Thaiana Garcia, doutoranda que estuda e trabalha no departamento de zoologia do Museu Nacional desde 2013, afirma que, entre os funcionários, havia a previsão de que um acidente poderia acontecer no local. "Nós imaginávamos que poderia ocorrer, sim, algum problema elétrico na fiação, um foco de incêndio ou alguma coisa do tipo, exatamente porque víamos que faltava um reparo maior na estrutura", relata. 

Três dias antes da tragédia, a estudante conta que ela, uma professora e outros alunos resolveram limpar e realocar objetos do laboratório onde trabalhavam para desbloquear uma das portas de acesso à sala. No dia do incêndio, foi por essa porta que a professora foi autorizada pelo Corpo de Bombeiros a entrar para salvar diversos itens de pesquisa. 

Um ano após o fogo, funcionários tiveram a oportunidade de entrar no Museu para ver como ficou a estrutura. "Foi muito bom ver para se despedir de uma fase da vida. Eu acho que o incêndio é isso. Nós não vamos voltar para o laboratório, as coisas não vão ser mais da forma que eram antes. Então, foi muito importante entrar e ver. Obviamente, trouxe muitas emoções de volta. Nós sempre lembramos do dia do incêndio", diz Garcia.

Unidas pela tragédia

Catedral de Notre-Dame passa por reconstrução | Reprodução/ Catredal de Notre-Dame
Catedral de Notre-Dame passa por reconstrução | Reprodução/Catedral de Notre-Dame

Atingida pelo mesmo desastre há dois anos, a Catedral de Notre-Dame, na França, também ainda não reabriu suas portas. No site oficial, uma nota diz que a administração espera que os cidadãos ocupem os arredores da igreja e visitem a loja de presentes, o único serviço que está funcionando atualmente.

No dia do incêndio, que não tem uma causa confirmada, diversas personalidades e empresas ofereceram apoio financeiro. A promessa de doação total chegou a 850 milhões de euros, equivalente a R$ 5,4 bilhões. No entanto, dois meses depois, o Ministério da Cultura do país afirmou que apenas 9% havia chegado aos cofres. Neste ano, Jean-Louis Georgelin, presidente do órgão público encarregado da reforma, anunciou que o valor quase chegou ao prometido, totalizando 840 milhões de euros.

Em abril, o presidente francês, Emmanuel Macron, visitou a Catedral e reafirmou a promessa de que a restauração estará pronta até 2024, ano em que Paris receberá os Jogos Olímpicos. 

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